domingo, 20 de dezembro de 2009

E um cão a pilhas?!!

Vivemos na era da tecnologia. Um mundo de entretenimento e conveniência na ponta dos dedos, podemos comprar artigos 24h por dia, produtos alimentares frescos 365 dias do ano independentemente da estação, carros, viagens de avião lowcost, ir a Londres beber café e voltar por 20 euros, em suma estamos habituados a ter o que queremos quando queremos dentro dos nossos horários.
No entanto algumas coisas na vida não vêm com um botão de ligar e desligar, nem com opções de programação, e os cães são uma dessas "coisas".
Muitas pessoas querem que os seus cães se aprendam a "comportar" ou fiquem "bons" pelo treino, mas não estão disponiveis para fazer o que é preciso para chegar a essa meta. Os cães não sabem de forma inerente aquilo que esperamos deles, eles têm as suas próprias regras caninas, os seus interesses caninos, como ladrar a galinhas, correr atrás de ovelhas, cheirar o rabo dos outros cães...etc. Se queremos que eles aprendam as regras humanas, temos de disponibilizar o nosso tempo para lhes ensinarmos essas regras, reforçando os bons comportamentos e ponto final.
A aprendizagem necessita de investimento da nossa parte, tempo e repetições aos milhares... e os treinadores que o digam...uf (tipo...take nº12034...hehehehe). Não existem arranjos rápidos quando estamos a lidar com seres vivos, com interesses próprios e vontades próprias. Não existem atalhos ou segredos também... pormenores importantes... sim! Diria, voltando ao inicio do post, que os cães não trazem controlo remoto, embora na nossa época existam coleiras de "ensino" (choque) com controlo remoto, mas a questão é que ( e a maioria das pessoas que vão por esse caminho não se apercebe) até esse controlo remoto, que faz coisas muito desagradáveis ao nosso melhor amigo, não é uma solução milagrosa! É apenas mais um utensilio que tem de ser usado de forma apropriada para ser eficaz. Só porque tem baterias e comando não significa que é a solução rápida que todos anseavam, e muito menos a melhor maneira.
Acho que muita gente opta por usar coleiras estranguladoras nos cães porque acha que vai ser uma forma fácil de treinar o cão. Muitos donos querem soluções que em última análise levariam a um cão que dorme o dia todo e esteja preparado para a folia quando o dono quer e depois num dia em que não está para ai virado o cão se mantem a dormir e não é um incómodo.
Os animais têm necessidades que têm de ser colmatadas, não se pode apenas extinguir comportamentos a torto e a direito, e desligar o cão. Parar um comportamento indesejado é apenas uma peça do puzzel, temos de o substituir por um comportamento aceitável e que vá de encontro às necessidades do cão. Caso contrário teremos uma panela de pressão comportamental que irá rebentar mais cedo ou mais tarde.

A verdade inconveniente é que os cães são seres vivos 24h por dia, 365 dias por ano, e se não estamos disponiveis ou capazes de assumir o compromisso de fazer o que for preciso para os educar, então se calhar o melhor é comprar um "Pleo", poderá colocá-lo no armário quando se fartar e não quiser ser incomodado, e ele irá interagir consigo quando quiser ser entretido. Ou seja nenhuma obrigação e toda a diversão de ter um cão, tal como um jogo de computador.

Adaptado de um texto de kelly gorman dunbar.
Bons treinos!

domingo, 22 de novembro de 2009

Mudar de vez o comportamento do seu cão!

O seu cão anda a pô-lo doido? Leva com saltos, tudo roido, latidos, puxar na trela, etc, etc? Tudo ao mesmo tempo? Ou isso é apenas a ponta do iceberg?
Aqui estão 6 coisas certas que pode fazer para mudar o comportamento do seu cão agora:

Estabeleça regras consistentes - antes de começar seja o que for certifique-se que todos na familia estão na mesma página no que toca ao treino do cão. Nada no treino vai resultar a não ser que a familia inteira siga e aplique as mesmas regras. Organizem-se!! (É para mim a regra mais importante na educação de um cão!!)

Recompense as coisas boas - sim, a essência do reforço positivo é reforçar os comportamentos que nós queremos que o cão ofereça com maior frequência. Mas estará afazer isso quando não está a "treinar"? Comece a recompensar o seu cão todo o dia, a educação de um cão dura 24 horas por dia, 365 dias por ano, e assim os comportamentos começarão a surgir mais vezes.

Ignore as coisas más - se não é perigoso qual é o risco de ignorar o mau? Tente ignorar o comportamento indesejado e poderá extinguir-se naturalmente. Se não estiver preparado para assumir realmente esta posição o comportamento poderá não se extinguir.

Intervalo - Se já não conseguen mais, firmemente e calmamente dê ao seu cão um intervalo. Escolha um sitio que pode ser a crate, ao contrário do que muita gente acha, e coloque o seu cão ai para um intervalo. Intervalos não são assustadores, negativos ou longos no tempo, o objectivo é o isolamento social, apenas por 30 segundos ou no máximo por 2 minutos. Torne clara para o cão a ligação entre o comportamento indesejado e o intervalo, com uma palavra por exemplo que pode ser "não" ou outra... não é para ser dita de forma autoritária ou alta. E aproveite para se acalmar a si própria/o.

Exercicio - está a ver muitos comportamentos de euforia ou falta de controlo sobre a excitação? Então provavelmente o seu cão não está a ter exercicio suficiente. Os cães, especialmente entre os 6 meses e os 2 anos, necessitam de muito exercicio. Jogue com o seu cão, brinque com a busca do objecto, encontre um sitio onde o seu cão possa correr livremente de forma segura (Canidromo), alimentar o cão de objectos como o Kong, bola dispensadoras de comida, etc, e terá um cão cansado e sossegado e um dono feliz.

Treino - este blog é de um treinador... já se estava mesmo a ver que isto ia surgir certo!? Mas o treino está nesta lista por uma razão. O treino é muito mais que ensinar ao cão comandos e novos comportamentos, um bom treino de cães ajuda a estabelecer uma comunicação eficaz entre o dono e o cão. Você irá aprender a "ler" os comportamentos do seu cão com mais eficácia e comunicar com ele também de forma mais eficaz.

Estes pontos não são fáceis de realizar mas são de fácil compreensão, por isso faça uma tentativa séria e verá as diferenças... a evolução do seu cão e a vossa relação a mudar para melhor.

Bons treinos!

Escrito por Eric Goebelbecker, adaptado.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Porque é que os cães ladram?


Os latidos constantes, ou ladrar em determinadas circunstâncias é um assunto importante para qualquer dono de cão preocupado e responsável. É o tipo de problema que poderá levar a um abandono.
Porque é que os cães ladram? De um ponto de vista evolutivo é uma boa pergunta... Os lobos são capazes de ladrar mas raramente o fazem.
Poderemos considerar quatro tipos de situações onde os cães poderão ladrar.

Os cães têm capacidades vocais muito reduzidas, por isso o contexto é muito importante para avaliar o motivo da vocalização. O que considero mais importante em termos do ladrar em si é o tom e a duração. De forma geral tons mais baixos são mais ameaçadores e mais altos menos. Tal como sons mais longos têm tendência a serem mais urgentes ou mais ameaçadores.


1- Alerta ou "Hey! Está a acontecer ali alguma coisa!" Este tipo de vocalização tem tendência a ser de um tom medianamente alto, e com sons curtos e repetitivos.

2- Alarme ou "Não te quero fazer mal!"Este é um tipo de ladrar com um tom baixo e tem tendência a começar com um rosnar. A porção depois do rosnar é caracterizada por sons longos em duração. Indica que o cão identificou algo ameaçador ou assustador.


3- Stress ou "O que é que eu faço agora??" Parecido com um choro de um bebé, e denota um elevado nivel de stress por parte do cão. Normalmente acontece em situações de emergência para o cão.

4- Brincadeira ou "Bora lá a isso!" É um ladrar com tom alto e muito curto.


Escrito por: Eric Goebelbecker


Os latidos repetitivos que poderão durar horas em cães que passam muito tempo sozinhos ou em espaços pequenos tem uma causa patológica, relacionada com comportamentos compulsivos por falta de estimulo mental, um cão estimulado mentalmente normalmente mantem-se calmo e em silêncio. O cão por falta de estimulo encontra nestes comportamentos uma forma de se auto-reforçar e ocupar o seu tempo... não ladra com um motivo o ladrar é o motivo em si próprio.


Bons treinos!

sábado, 7 de novembro de 2009

Dentadas em crianças... afinal o que se passa?!

Acontecem aproximadamente 1 milhão de dentadas de cães em cada ano nos Estados Unidos da América (EUA). Entre 60 a 70% destes são em crianças.
Porque é que a maioria das dentadas são a crianças? Em 2007 foram feitos três pesquisas cientificas para enquadrar esse problema. Examinaram os registos de três anos de dentadas de cães envolvendo crianças da Behavior Clinic of the Matthew J Ryan Veterinary Hospital of the University of Pennsylvania. Observaram 111 casos de desntadas. ( No total foram observados 145 casos, no entanto não foi possivel determinar a idade das crianças envolvidas em 34, logo não foram incluidos na pesquisa.) Foram incluidos na pesquisa 103 cães diferentes, sendo que alguns estiveram envolvidos em mais de um caso.

Os números que nos chamam à atenção são:

- 44% das dentadas a crianças com menos de 6 anos estiveram associadas à guarda do recurso valioso;
- 23% das crianças acima dos 6 anos foram mordidas em associação à guarda do território;
- Guarda da comida foi a causa de dentada em crianças da familia em 42% dos casos;
- Em 53% das dentadas a crianças estranhas a guarda do território esteve na origem.
São valores bastante significativos e reveladores. Quase metade dos casos de dentadas tiveram na origem a guarda de um recurso. Na realidade no resumo do estudo afirma-se que dos 103 cães, 61% revelaram problemas de guarda do recurso valioso e 59% agressividade aquando da implementação de medidas dispciplinares por parte dos donos (o estimulo do castigo positivo levava à agressividade).

Infelizmente não existem detalhes a respeito das medidas disciplinares, para entender a verdadeira ligação entre as dentadas e a educação.
Sem estar a ser muito extenso, o que é que sabemos? Cães e crianças com menos de 6 anos não podem ser deixados sozinhos sem supervisão. Se pensarmos no número de coisas que podem ser guardadas como recursos valiosos pelo cão... são infinitas, então tem de haver muito cuidado.
O que é a guarda do recurso? É um comportamento que é insignificante ou pouco aceite nos humanos, mas que nos cães é bastante vulgar e normal. O comportamento, como o nome indica, caracteriza-se por tentar manter algo valioso para ele. Se se pensar em termos evolutivos esta tendência é muito útil. Apenas recentemente, com a domesticação do lobo, e o aparecimento dos cães, tendo estes a comida sempre disponivel, é que se tornou um comportamento indesejado e nada útil para o animal, é aliás pouco favorável para ele.
Dependendo do cão e do valor do objecto a ser guardado assim é o comportamento demonstrado, pode ir desde ficar tenso, colocar a pata em cima do objecto, rosnar, até morder. A maioria dos cães avisam ou demonstram não estar confortáveis com a partilha de alguns objectos muito antes de rosnar ou morder (por vezes anos antes), no entanto alguém sem conhecimentos não percebe estes sinais, muito menos crianças.
Então e a questão das medidas disciplinares?? Lembre-se antes de mais que as crianças imitam os adultos, é a forma primordial de aprendizagem humana. Se as suas crianças o vêem a "disciplinar" poderão decidir fazer o mesmo, e isso poderá correr muito mal.
Até porque disciplinar não é eficaz em termos de educação relacionada com a guarda de objectos valiosos, leva frequentemente para uma escalada de agressividade por parte do cão.
Para além disto afirma-se na pesquisa também que 77% dos cães demonstravam algum grau de ansiedade, como através de comportamentos de procura de atenção, ansiedade por separação, perante barulhos e trovoadas e ansiedade generalizada. No entanto os donos não consideravam isto uma razão para procurar ajuda profissional, o que demonstra o fraco sentimento de responsabilidade e ligação com o cão.
O que para mais nos desperta este estudo é para a previsibilidade de 600.000 dentadas por ano nos EUA, e claro que no resto do mundo. A supervisão de um adulto pode não ser a solução mas poderá prevenir muitas situações de agressividade por guarda do recurso.

Dê ao seu cão uma educação positiva, preocupe-se com um crescimento saudável com as crianças, e procure ajuda profissional assim que detectar alguma alteração comportamental... não se convença que está tudo bem quando não está.

Bons treinos!

sábado, 31 de outubro de 2009

"Tudo o que sempre quis saber acerca de educação e treino do seu cão."



PROGRAMA DO SEMINÁRIO

DIA 21 – SÁBADO – TEORIA
Início às 10.00
Intervalo para almoço das 13.00 às 14.30
Segunda parte das 14.30 às 18.30

Educar e Treinar o que é?
o Educação vs treino

Como educar o meu cão?
o Ensinar não castigar
o Como evitar desenvolvimento de problemas? – Socialização, Inibição de mordida, estimulação mental e física
o Como “pensam” os cães?

Como treinar o meu cão?
o Clicker o que é, como funciona?
o Importância dos reforços, timming e reforço intermitente
o Tipos de coleiras (estranguladoras, haltis, peitorais, etc.)
o Consequências e dificuldades no uso de métodos aversivos

Comportamentos caninos – dicas e soluções
o Cão salta para cima de todos
o Cão que ladra muito
o Cão que cava no quintal
o Cão que puxa na trela
o Cão que destrói em casa
o Cão que urina fora do local apropriado

Problemas comportamentais caninos
o O que são problemas comportamentais caninos?
o Ansiedade por separação
o Comportamentos Compulsivos Obsessivos Caninos
o Agressividade (pessoas, outros cães, crianças, possessiva, etc.)

DIA 22 – DOMINGO – PRÁTICA
Início às 10.00
Intervalo para almoço das 13.00 às 14.30
Segunda parte das 14.30 às 17.30

Ensino de comportamentos básicos
o Senta
o Deita

Chamamentos
o Ensinar o cão a vir à chamada

Andar na trela
o Ensinar o cão a andar na trela sem puxar

Recusa de comida
o Ensinar o cão a recusar comida

Como ensinar o Fica
o Duração
o Distracção
o Distância

Truques
o Dar a pata
o Rebolar
o Andar por entre as pernas (Weave)
o Andar para trás
o Spins (dar voltas de 180º)
o Capturar comportamentos típicos de cada cão (um truque diferente para cada cão individual)

Interacção e brincadeira com o seu cão
o Como ensinar o retrieve
o Como jogar o tug-of-war

Tempo aberto a questões e problemas específicos

CONCERTEZA A NÃO PERDER!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Dia do animal..

Comemorou-se mais um dia do animal, o 11º dia do animal da associação cantinho dos animais de beja.

Desta vez foi celebrado com um passeio dos nossos animais até ao parque da cidade, em parceria com os escoteiros (AEP Grupo 234), dessa forma os nossos cães tiveram um dia diferente podendo correr até não poder mais no canidromo, e recebendo recompensas que davam para treinar 100 cães durante um mês... hihihi.


Nestes onze anos não fazemos um balanço positivo, não nos parece que tenha havido grande progressão no que toca aos abandonos e desrespeitos pelos direitos dos animais. Apenas aparecem noticias (este ano curtissimas) neste dia, uma vez por ano, embora se tenha notado que as pessoas interessadas pelo assunto sejam imensas aquando da realização do Aqui e Agora na SIC, com o tema dos direitos dos animais.


Considero a maioria das leis criadas no nosso pais produtivas e bem conseguidas, à excepção da lei das raças potencialmente perigosas, no entanto a fiscalização e operacionalização destas leis é praticamente inexistente, algo que me entristece e que me causa alguma revolta.

Como é que as autoridades competentes e responsáveis por aplicar determinadas leis usam o seu critério pessoal para decidir se devem ou não aplicar uma lei... para que é que havemos de incomodar alguém por tratar mal o seu cão?? (Porque somos uma sociedade civilizada no séc. XXI)


Para comemorar o dia do animal deixo-vos a história triste desta semana no cantinho dos animais de beja (porque enquanto acontecer isto não consigo comemorar):


Às 19h de quinta-feira recebi um telefonema do veterinário habitual da associação porque alguém tinha levado até lá um cão que encontrou na berma da estrada sem movimentar as patas traseiras, a pessoa (a quem agradeço pela sensibilidade demonstrada, porque acredito que tenham passado muitos sem parar) sentiu-se na obrigação de levar o cão até ao veterinário de modo a ser tratado mas obviamente necessitava que alguém se responsabilizasse pelos cuidados do animal, e nós somos esse alguém.


E aqui começam as injustiças, o "Bobby" tinha uma vertebra fracturada e deslocada, que se encontrava a pressionar a medula, impedindo os movimentos dos membros posteriores e fazendo com que qualquer operação a ser feita no animal tivesse que ser urgente. No entanto a operação teria que ser efectuada em Lisboa, e o valor seria acima das possibilidades da associação. À entrada foi verificada a existência de microchip no animal, podendo dessa forma saber quem seria o seu dono, no entanto quando tentamos saber não foi encontrado o registo nas duas bases de dados existentes, nem em nenhum veterinário da cidade... coisa que se repete vezes demais!


Esta situação pedia uma decisão, essa decisão teria de ser tomada por mim, e mais uma vez tive de dizer no veterinário, "vamos eutanasiar", pela enésima vez aquele que tenta ajudar fica com o peso de ter de fazer o contrário, e quase sempre é assim.


Mais uma vez um dono irresponsável deixou o seu cãozinho andar livremente, ou abandonou-o, e ele foi vitima de um ferimento doloroso, morrendo nas mãos e à consciência de quem trabalha diariamente para o retirar das mãos dessa gente irresponsável, o mundo é injusto, a revolta é maior a cada dia, mas virar as costas a isto é pior ainda...


Um dia vou comemorar o dia do animal... disso podem ter a certeza!!



(Na foto podem ver o Puppy, no Parque da Cidade, nos seus mergulhos ... adora mergulhar literalmente!)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Brigas

"Ele briga a toda a hora! Ele anda a tentar matar os outros cães!"

O barulho, pêlos no ar e corpos emaranhados podem ser assustadores para alguém que assiste uma luta de cães, especialmente para os donos. De facto, nada deixa os donos mais assutados que uma luta entre cães. Consequentemente, os donos deverão ser objectivos na forma como interpretam a seriedade de uma luta. De outra forma poderão estragar a socialização do seu cão num único acontecimento. Na maioria dos casos, uma luta entre cães é altamente ritualizada, controlada e ralativamente segura para os animais envolvidos. Com um feedback apropriado do dono o prognóstico é razoavelmente bom. Por outro lado, feedbacks irracionais e emocionais, para além de serem stressantes para o dono, poderão exacerbar o problema do cão.
É extremamente comum para os cães, especialmente adolescentes, ficarem com olhar fixo, rosnar, arfar, mordiscar o ar e lutar. Não é um comportamento canino mau, reflecte apenas a fase de vida do cão e os seus comportamentos habituais. Rosnar e lutar quase sempre reflecte uma falta de confiança subjacente, caracteristica da adolescência. Dar tempo e continuar a socialização do cão, normalmente, aumenta a confiança do cão, deixando os mesmos de necessitar de dar provas da sua força fisica. Para ter a confiança necessária para continuar a socializar um cão que já iniciou lutas com outros, é necessária objectividade e motivação, de forma a perceber que não se tem em casa um cão perigoso, mas sim um cão que precisa de sair mais, socializar mais. Um cão pode ser muito irritante e aborrecido, mas isso não significa que irá ferir o outro cão, até porque causar ferimentos é anormal e inaceitável.
Em primeiro lugar é necessário perceber a severidade do problema. Em segundo precisa de se certificar que reage de forma adequada quando o cão luta com outro, e dá o feedback apropriado quando ele não luta.
Para saber se tem ou não um problema estabeleça uma relação luta-dentada. Para fazer isso precisa de responder a duas perguntas: Quantas vezes é que o seu cão esteve envolvido numa luta com outro cão? E em quantas lutas é que o outro cão teve de ser levado ao veterinário ou ficou com ferimentos graves?
Um 10/0 é muito comum em cães com um ou dois anos de idade, e isto é, dez lutas com zero idas ao veterinário do outro cão. Não temos um problema sério aqui. O cão não está a tentar matar o outro cão, uma vez que não causou nenhum ferimento em dez lutas. O cão teria causado ferimentos se o quisesse fazer. Não há maior prova de uma boa inibição da mordida do que no calor da luta um cão abanar o pescoço de outro e não ficar nenhuma marca.
Isto não é um cão perigoso. Ele é apenas irritante como qualquer adolescente...
Sim, o cão é um chato de primeira e só nos faz passar vergonhas, mas tem uma óptima inibição da mordida e nunca magoou outro cão. É bastante improvável que este cão venha a causar ferimentos em algum outro cão.
As lutas são péssimas, mas normalmente mostram-nos que afinal não foi assim tão mau e não são uma coisa do outro mundo. Desde que o outro cão não fique com ferimentos. O seu cão demonstra apenas falta de confiança em si próprio, falta de boas maneiras e socialização. Consequentemente a resolução do problema é simples. É desagradável para si e para as outras pessoas e cães , uma vez que passa o tempo a chatear toda a gente. Contacte um treinador técnicas por reforço positivo e resolva o seu problema.
Por outro lado se tem um cão que causa vários ferimentos nos outros cães nas pernas, na barriga em apenas uma luta, então tem um problema grave. Este é um cão perigoso, uma vez que não tem qualquer inibição da mordida. O cão deverá andar com ençaime na rua, o prognóstico é mau e o tratamento é complicado, moroso, potencialmente perigoso, a ser feito por alguém experiente e certamente com poucas garantias de um resultado positivo. É o problema onde melhor se pode afirmar que mais vale prevenir que remediar, uma vez que é completamente diferente educar correctamente desde sempre que andar a tentar resolver o problema estabelecido.
Um cão adulto com uma dentada perigosa é um cão dificil de reabilitar, mas prevenir na infância do cão é fácil, divertido, sem esforço... socialize-o e treine a inibição da mordida.
Não espere que o cão se envolva numa luta na adolescência para lhe ralhar, em vez disso, faça-lhe festas e diga palavras de incentivo habitualmente no dia-a-dia cada vez que ele se comporta de forma adequada, é a melhor forma de prevenir comportamentos desadequados e se tornar um problema sério.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Castigo ... tem muito que se lhe diga!

Alguns treinadores não querem castigar de todo porque pensam que as punições são desagradáveis e desumanas e outros treinadores usam estimulos aversivos como castigo e com bastante frequência ineficazes. Assume-se que todos os castigos são aversivos e que todos os estimulos aversivos são castigos. No entanto nenhuma dessas suposições está correcta.
Assim que percebermos que "castigo" e "aversivo" não são necessariamente sinónimos, percebemos que temos quatro combinações possiveis.
1. Não-aversivo e não-castigo
2. Aversivo e não-castigo
3. Aversivo e castigo
4. Não-aversivo e castigo


1. Muito comum no treino de cães e em relações interpessoais. Não causa nenhum dano no cão mas não é eficaz na alteração de comportamentos.
2. Estabelece uma clivagem no cérebro do cão e destrói a relação dono/cão. Assume-se que todos os aversivos são castigos. No entanto muitos não são. Um castigo é definido como um estimulo que diminui a frequência do comportamento imediatamente precedente de forma a que seja menos provável que ocorra no futuro. O uso frequente de estimulos aversivos é uma prova de que não estão a resultar e por isso não podem ser definidos como um castigo. Em vez disso, quando um estimulo aversivo não é um castigo, dependendo da sua severidade, é um mau trato ou abuso. Sem dúvida, a maioria das reprimendas e a maioria dos estimulos aversivos, como esticões na trela, agarrar, ameaçar, palmadas, etc, não são castigos. Aversivos sim, mas não tendo o resultado esperado de reduzir o comportamento indesejado, não podendo ser definidos como castigo. As duas maiores pistas de que o estimulo aversivo não é castigo é a necessidade do aumento da sua frequência ou o seu uso continuo, que o treinador tenta compensar através do aumento da severidade do aversivo.
3. Quando um treinador usa eficazmente estimulos aversivos, apenas veremos o comportamento indesejado e o castigo aversivo algumas vezes e depois deixa de ser necessário. O castigo deixa de ser necessário porque o cão já não exibe o comportamento indesejado. No entanto, vemos isto muito raramente. Em vez disso vemos muito frequentemente palmadas, esticões, choques... eversivos que não são castigos.
4. Sem dúvida que castigos não aversivos são a melhor via. De facto, é possivel reduzir eficazmente os comportamentos indesejados apenas através do uso de um tom de voz agradável e calmo. Insistência gentil é o que se pretende.

Este post tem o intuito de lhe dar material suficiente para se questionar... agora que se questiona procure as respostas... bons treinos!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A nossa falta como donos...

Provavelmente a nossa maior falha como seres humanos é que tomamos como garantido o bom e reclamamos constantemente do mau. Isto é um facto no treino de cães. Ignoramos os cães quando eles estão sossegados, e reclamamos com eles quando andam de um lado para o outro e ladram. Ignoramos atitudes amistosas para depois ralhar quando rosnam ou são desagradáveis. Nós normalmente ignoramos os cães quando eles andam calmamente à trela, para depois ficarmos frustrados quando eles puxam.
No entanto, se observarmos os comportamentos dos nossos cães com imparcialidade, verificamos que a maioria dos cães se comporta muito bem durante a maior parte do tempo e apenas muito esporadicamente têm comportamentos inapropriados ou inaceitáveis. Deixamos o bom passar sem dar importância e focamo-nos e damos importância apenas ao mau.
Uma das maneiras mais fáceis de mudar a atitude de um cão, e os seus comportamentos, é recompensar o cão pelos bons comportamentos regularmente no dia a dia. Tenha como objectivo apanhar o cão no acto de fazer uma coisa boa ou certa e mostrar a nossa aprovação e agrado.
Tenha como objectivo dizer palavras de apreço ou de agrado cada vez que nota que o seu cão se está a entreter com as coisas certas, no lugar correcto. Faça festas ao seu cão quando ele anda correctamente à trela e cada vez que ele se senta quando pára em frente a alguém. E nunca deixe de mostrar o seu agrado cada vez que ele cumprimenta pacificamente estranhos. Nunca tome como garantida a boa atitude do seu cão a cumprimentar estranhos.
Seja positivo na vida, e com o seu cão também, e vai notar a diferença...
Bons treinos!

sábado, 8 de agosto de 2009

Confinamentos ... aprender a estar só!

Educar com sucesso um cachorro envolve ensinar-lhe a estar sozinho através do seu confinamento. Isto previne maus comportamentos e estabelece bons hábitos desde o principio. Quando está fisica e mentalmente ausente, prenda o seu cachorro para prevenir comportamentos desajustados e aprender a estar só.
Quanto mais confinar o seu cachorro ao seu pátio de interior ou divisão, durante as primeiras semanas em casa, mais liberdade desfrutará enquanto cão adulto para o resto da sua vida. Quanto mais depressa aderir ao programa de confinamento mais cedo o seu cão estará com boas maneiras e preparado para estar sozinho. E com um beneficio extra, o seu cachorro aprenderá a estar sossegado, calmo, calado e feliz.

Quando não está em casa:
Mantenha o seu cachorro preso num pátio de interior, cozinha ou casa de banho. Esta passará a ser a área de confinamento de longos periodos, que deverá incluir:
1. Uma cama confortável;
2. Uma taça de água fresca;
3. Brinquedos de encher cheios de comida;
4. Uma casa de banho (quadrado de relva por exemplo) no canto mais afastado da sua cama.
Obviamente o seu cachorro sentirá necessidade de ladrar, roer e eliminar durante o dia, por isso deverá ser deixado num sitio onde poderá satisfazer as suas necessidades sem causar nenhum estrago ou aborrecimento. O seu cachorro provavelmente eliminará o mais afastado possivel da sua cama... na sua casa de banho. Ao remover todos os artigos que possam ser roidos da área, à excepção dos brinquedos de encher de comida cheios, fará do roer um hábito saudável e direccionado para o objecto apropriado.

O objectivo do confinamento de longos periodos é:
1. Confinar o cachorro numa área onde o roer e as necessidades são aceitáveis, para que o cachorro não cometa erros pela casa;
2. Maximizar a probabilidade do cachorro usar a casa de banho apropriada;
3. Maximizar a probabilidade do cachorro roer apenas os brinquedos apropriados;
4. Maximizar a probabilidade do cachorro aprender a estar só de forma calma, sossegada e feliz.

Quando está em casa:
Faça sessões de brincadeira e treino curtas a cada hora. Se não consegue tomar completa atenção ao seu cachorro, brinque com ele dentro da área de confinamento de longos periodos, onde ele poderá fazer as necessidades de forma adequada e existem brinquedos. Por periodos não superiores a uma hora de cada vez, prenda o seu cachorro numa transportadora (área de confinamento de curtos periodos). A cada hora, liberte o seu cachorro e rapidamente leve-o até ao sitio que quer que faça as necessidades. A área de confinamento de curtos periodos deverá incluir uma cama confortável e brinquedos de encher de comida cheios.
É muito mais fácil observar o cachorro se ele estiver sossegado num sitio. Poderá levar a transportadora para a divisão onde estiver de forma a estar ao pé de si. Se não gostar da ideia de prender o seu cachorro dentro da transportadora, poderá por-lhe uma trela e atá-la à sua cintura.

O objectivo do confinamento de curtos periodos é:
1. Confinar o cachorros a uma área onde o roer é aceitável para que ele não faça dos móveis os brinquedos de roer;
2. Fazer do cachorro um brinquedo-dependente (uma vez que os brinquedos é a única coisa disponivel para roer)
3. Ensinar ao cachorro a estar calmo por periodos;
4. Prevenir necessidades pela casa;
5. Prever quando é que o cachorro irá precisar de fazer as necessidades.

Os cães evitam naturalmente fazer as necessidades na sua cama, por isso um confinamento na mesma inibirá a dejecção e micção. Isto saignifica que o cachorro precisará de se aliviar quando for solto de hora a hora. Nessa altura você estará lá para lhe mostrar o lugar indicado, recompensá-lo por acertar e de seguida gozar de uma sessão curta de brincadeira e treino com um cachorro feliz... e vazio!
Para ver os materiais falados veja "Kit cachorro"!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O "segredo" do treino de cães!

Qual é o segredo do treino de cães? À medida que pesquisamos pela internet estamos sempre a achar mais um segredo ... e outro ... e outro... técnicas secretas, soluções mágicas, até livros que reduzem a educação do seu cão para 15 dias... hehehe ... claro!! Em quinze dias ficamos com o cão 100% educado para o resto de uma vida feliz ... entretanto batemos com a cabeça na mesinha de cabeceira e acordamos.
O problema é este ... não existem segredos!!
Não existe nada de especial acerca de como os cães aprendem ou acerca do seu comportamento. Os cães têm as suas caracteristicas especificas, bem como os seus comportamentos especificos como espécie que são, mas na sua essência aprendem da mesma forma que todas as outras criaturas no planeta aprendem. Como os animais aprendem tem sido exaustivamente estudado e mesmo havendo ainda muita coisa por saber, não existem "segredos". Muito menos disponiveis na internet por 29,99 euros.
Alguns afirmam que têm um conhecimento intrínseco que lhes permite saber como o cão está a pensar, falando muitas vezes de "psicologia canina". O que é facto é que não sabemos exactamente como os cães pensam. Sabemos como aprendem, conseguimos observar como
se comportam e já sabemos bastante bem o que os motiva, mas não sabemos o que pensam nem se o fazem através de palavras e ideias como nós. Aplicar então a palavra psicologia a cães não faz grande sentido.
Outros ainda têm um dom especial ainda pior, uma nova maneira de comunicar com os cães. Ensinam os seus clientes a cuspir na comida, imitar latidos ou até empurrar o seu cão para o chão, tudo de forma a "comunicar". Os cães viveram lado-a-lado com o homem nos últimos 10,000 anos. Eles caçaram, pastorearam, protegeram e fizeram companhia aos humanos e à medida que se fazem mais pesquisas, sobre o cão, mais se aprende que o cão se adaptou a viver com humanos de formas bastantes interessantes. O cão está bastante adaptado a ler as expressões faciais das pessoas e conseguem interpretar melhor a linguagem corporal que os primatas (uma habilidade mais presente numas raças que outras). Com os humanos a seleccionarem gradualmente os cães pela sua habilidade em trabalhar connosco, faz todo o sentido que a comunicação entre as duas espécies se tenha tornado mais eficaz. Por que raio é que agora precisariamos uma nova linguagem para comunicar com eles?
Então significa que todos os treinadores deveriam usar as mesmas técnicas? Claro que não. Mas todos deveriam ter uma base cientifica sólida de comportamentalismo, existe espaço suficiente para enovação e especialização. O treino de cães consiste grandemente na facilitação da comunicação entre as pessoas e os cães. Considerando apenas a variedade de pessoas que existe e a forma como comunicam, fica desde logo aqui um amplo espaço para técnicas variadas e situações variadas, onde um treinador pode ser superior a um outro.
Isto significa que o treino de cães é fácil, ou que treinar uma espécie é igual a treinar outra qualquer? Nem por isso. Os cães têm bastantes caracteristicas intraespecificas e é ai que os conhecimentos do treinador e a sua experiência entram em jogo. Contudo, este conhecimento especializado é cientifico, não é mágico, nem uma colecção de segredos passados de treinador em treinador numa cerimónia especial... hehehe
Há medida que o tempo passa e são feitos cada vez mais estudos acerca de cães, vamos aprendendo novas coisas, mas a informação não estará escondida detrás de 10 páginas de um artigo de internet ... como este... hehehe...nem num livro mandado vir por 29,99. Fará parte das competências dos treinadores que se mantêm em contacto com os avanços cientificos ... não se treinam cães hoje como se treinavam há 20 anos atrás... quer dizer não se deveriam treinar...
Em suma: Atenção aqueles que vos tentam vender segredos ou soluções fáceis. Existem bastantes técnicas com resultados dados, assim como informação fiável acerca de cães e treino de cães disponível de graça.

sábado, 25 de julho de 2009

"Obediência 100 segredos"

Hoje passei mais um dia dedicado ao treino de cães, para variar... hihihi. No caso dedicado ao treino em obedience, uma modalidade que gosto particularmente e que espero participar num tempo próximo. Foi um dia muito agradável, no qual se aprenderam bastantes técnicas e pormenores que podem melhorar ou optimizar bastante o treino e inclusive resolver entraves que possam surgir no caminho.

Foi um ambiente que se destacou por ser de grande partilha, companheirismo e simpatia, passado na Academia do Cão em Oeiras. Podemos receber estes conselhos por parte de dois membros, desde há uns anos, da selecção portuguesa de obedience (já fazem parte das bagagens pro mundial... hehe), o Fernando Silva e a Eduarda Pires.

Para além disso foi possivel falar acerca de outros assuntos relativos ao treino de cães que no futuro espero darem grandes frutos para todos os que se dedicam a esta actividade em Portugal.



Aqui fica uma foto do dia:

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Agressividade à trela!

A frustração à trela ou a agressividade à trela é uma reacção frequente e muito desagradável para pessoas e outros cães. Esta reacção advém da frustração de não poder investigar livremente o outro cão ou pessoa. Não quer necessariamente dizer que quer lutar ou morder, mas ele realmente associa essa frustração às pessoas e cães, então o comportamento agressivo fica direccionado para eles. Com a frustração intensa desencadeia-se a falta de auto controlo que poderá levar a uma mordida, mesmo que o cão não seja normalmente agressivo.
Isto pode ser uma indicação de que o cão não sabe exactamente como se deve comportar. A confusão leva à frustração e manifesta-se na atitude agressiva: lançando-se sobre o outro cão ou pessoa; ladrando; rosnando e mordendo. A chave para parar a resposta agressiva é ensinar ao cão o que quer que ele faça quando aparece outro cão ou se aproxima uma pessoa. Associa-se positivamente a presença de outros cães e pessoas com algo, estando sentado num local seguro (longe o suficiente para não haver reacção) com cães que sejam bem comportados a passar por ele. Cada vez que existe um cão à vista dê-lhe recompensas, no inicio continuamente e livremente, depois apenas quando apresenta comportamento calmo durante periodos de tempo cada vez mais espaçados. O passo seguinte, se for possivel, é colocar cães bem comportados parados e aproximar-se com o seu cão até a uma distância segura (assim que notar uma reacção não se aproxime mais), dando sempre recompensas, a cada dois ou três passos. Se ele olhar para um dos cães, tudo bem, marque esse comportamento e recompense o olhar sem reacção agressiva, mesmo a uma distância segura. Periodicamente pare e peça um senta durante uns momentos.
De seguida arranje um cão bem comportado que ande em paralelo consigo e o seu. Dê recompensas frequentes para boa posição de "junto" (ao seu lado e atento a si). A distância é a necessária para que se mantenha calmo. Vá a cada passo aproximando-se do outro cão. Este processo poderá levar semanas, por isso não tenha pressas., estamos a promover um treino que leve ao sucesso.
Claro, se não conseguir arranjar cães bem comportados, terá de o fazer em locais seguros onde sabe que verá cães mas que consegue controlar a distância dos mesmos. Nos passeios pare e peça sentas com frequencia mesmo quando não existem cães presentes, para que seja mais fácil que se sente na situação acima referida. Evite reacções puxando a trela, ou mudando bruscamente de direcção quando vê uma pessoa ou cão, mantenha-se no seu caminho. Mantenha-se calmo, a sua ansiedade pode provocar reacções por parte do cão.
Lembre-se o sucesso é medido por bons comportamentos e calma, não é medido pela distância que consegue chegar do outro cão ou pessoa ... quando está a treinar, ainda não se formaram novos comportamentos, por isso faça um treino que leve ao sucesso.

Depois de feito o treino logo mede a distância que consegue chegar de outro cão ou pessoa.

Bons treinos!

sábado, 11 de julho de 2009

Treinador à conversa com cão ...

Este texto é uma tradução de um texto escrito pelo Dr Ian Dunbar.

Ian Dunbar: Porque é que os cães se portam mal?

Rex (Pastor Alemão): Quem disse que nos portamos mal. Nós consideramos que o nosso comportamento é bastante exemplar.

ID: Ok. Nós, pessoas, achamos que os cães se portam mal. Vamos ser mais objectivos então e perguntar porque é que os cães: perseguem; escavam; roem; rosnam; mordem e ladram?

R: Grandemente porque somos cães, suponho. Certamente ficaria surpreendido se voassemos, fizessemos as palavras cruzadas, guardassemos os ossos no frigorifico, mugissemos, miassemos e contratassemos um advogado para processar os nossos inimigos.

ID: Ok, ok! Tudo bem, todas as actividades dos cães são perfeitamente normais e necessárias para o natural repertório canino. Então não são tanto os comportamentos que são anormais em si mesmos mas antes inapropriados em ambiente doméstico.

R: Bem, sim e não. Julgo que depende da sua perspectiva. Nós, cães, não consideramos necessariamente o nosso comportamento inapropriado. Pelo contrário, um Yorkshire amigo meu considera tapetes de arraiolos o mais avançado que existe em casa de banho, o sitio perfeito para urinar em toda a casa. Não se fica com as patas molhadas quando se urina em tapetes. Um velho Jack Russel admite abertamente que terra acabada de fertilizar e revolver oferece as melhores condições para escavações, considerando a delicadeza das suas patas devido aos muitos anos devida doméstica.

ID: Então corrige-me se estiver errado. O que estás a dizer é que o comportamento dos cães é perfeitamente normal e natural...

R: E necessário!

ID: ...e necessário no estado selvagem...

R: E no ambiente doméstico!

ID: ...e no ambiente doméstico.

R: Então a solução está no dono, que tem de providenciar e indicar as formas possiveis, em mutuo acordo, para as necessárias actividades caninas, caso contrário...

ID: "Caso contrário"?

R: ...caso contrário nós somos forçados a improvisar na nossa busca por uma terapia ocupacional para passar o dia.

ID: E erram na escolha. Certo?

R: Certo! E depois somos castigados por quebrar regras que nós nem sabiamos que existiam.

ID: Isso não é justo.

R: Bem, não nos deixa nada contentes. (Como raça de guarda os Pastores Alemães por vezes poderão ladrar muito e morder)

ID: Hmmmm! Já tentaram explicar aos vossos donos que não sabem que estão a fazer mal?

R: Claro, sempre que eles chegam a casa.

ID: E o que é que acontece?

R: Eles castigam-nos quando corremos para os receber à porta de casa.

ID: Se calhar eles não gostam da vossa maluquice, de colocarem as patas em cima deles, de lambidelas ou de saltarem. Porque é que não se sentam...

R: Isso é uma boa ideia! Nunca tinha pensado nisso... Mas eles adoram a nossa atenção e euforia quando somos cachorros, nós apenas crescemos.

ID: O que quis dizer foi, porque é que não se sentam e conversam isso com eles?

R: Ah, eles nunca ouvem. Sempre que nos sentamos eles apenas dizem "junto, senta, junto, senta..." e depois de andar à volta em quadrados voltamos onde começamos. Parece tudo sem sentido.

ID: Já tentaram fazer o que o vosso dono manda?

R: Já. Mas é pior quando somos obedientes. Quando falhamos depois qualquer coisa, assumem que estamos a ser mal comportados de propósito e castigam-nos ainda com mais severidade.

ID: Nunca ficam zangados?

R: Se ficamos zangados, eles matam-nos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Os críticos do treino com comida...

Quase todos os animais treinados que aparecem em filmes ou em televisão foram treinados com recompensas de comida. Baleias assassinas são treinadas com peixe. Ursos são treinados com marshmallows e bebidas gasosas. Golfinhos e focas com peixe. Leões com carne, etc. Obviamente, que os treindadores que lidam com estes animais enormes e potencialmente perigosos não querem que eles associem o treino ou o treinador a coisas negativas ... por amor à sua vida ou aos seus membros anatómicos. Então porquê descriminar os nossos companheiros caninos? Não é tempo de dar uma oportunidade aos nossos melhores amigos de quatro patas igual ao resto dos animais?
Qualquer criticismo em relação ao uso de comida como um utensílio de treino pode ser aplicado ao uso de qualquer outro utensílio de treino como coleiras estranguladoras, electrónicas, bolas, festas, etc.
Excessivo reforço verbal ou correcção poderá excitar demasiado o cão. O cão poderá não responder quando anda solto. O seu cão dificilmente respeitará alguém que regularmente recorre ao uso da força fisica ou ao uso de punições dolorosas. E se o cão não gostar de comida, poderão perguntar ... bem, e se o cão não gostar de correcções na trela?
O que interessa aqui perceber é que, seja qual for o utensilio usado estamos a condicionar o comportamento através desse artificio, por isso se usamos meios negativos porque não usar positivos?
O uso de qualquer ferramenta de treino tem as suas vantagens e desvantagens. Por isso não vamos esquecer as vantagens só porque nos estão constantemente a lembrar as desvantagens.
A comida é o melhor utensilio de treino para a maioria dos cães e donos. Quando nos tornamos adeptos do uso da comida, ficamos aptos para usar brinquedos de roer, de apitos, churros, etc. Claro que se o relacionamento com o seu cão é próximo e saudável as festas e recompensas verbais serão suficientes como utensilio de treino.

As frases mais frequentes dos criticos das recompensas de comida:

"Usar comida para treinar? Isso é um treino para fracos"
Talvez, mas funciona! E diria até que, se ter uma varinha mágica e andar de cor de rosa ajudasse no treino de cães e salvar as suas vidas em determinadas situações ou evitar abandonos, eu faria isso também. Em adição às suas aplicações óbvias em todos os aspectos de ensinar boas maneiras, as recompensas de comida podem ser usadas com a maior importância em modificações de comportamentos, sejam eles agressivos ou outros. De facto, as recompensas de comida são tão eficazes que o seu uso deveria, na minha opinião, ser prioritário.
Seria uma pena se a educação do seu cachorro ficasse aquém das espectativas apenas porque existe concepções erradas acerca do uso de comida como ferramenta de treino.

"O meu cão vai ficar gordo"
Se o alimentar com comida em demasia ele ficará gordo. No entanto, as recompensas de comida propicias para treino não deverão ter calorias extra. Se as recompensas fazem parte da ração normal do seu cão então retire essa quantidade da quantidade total diária da alimentação.
Ou seja, todas as manhãs pese a quantidade diária de ração e retire a quantidade que quer para o treino. Para além disso pese o cão com regularidade para se certificar que não ganha peso, se o fizer reduza na ração diária.

"O meu cão será viciado em comida para sempre, sempre a pedir comida quando tenho alguma coisa na mão"
Não será assim necessariamente! Poderá inclusive usar as recompensas de comida para ensinar o seu cão a não pedir comida. Mais ainda, a única coisa verdadeiramente eficaz para ensinar a não comer o que apanha é a comida.

"O meu cão só responde às ordens quando tenho comida"
Muito provavelmente porque não percebeu inteiramente as regras do reforço com comida. É necessário aprender como substituir a comida por outros tipos de reforços do dia-a-dia como festas e recompensas verbais.

"Não quero subornar o meu cão"
Subornar um cão não é treiná-lo nem leva a lado nenhum, no entanto usar a comida como ferramenta de treino não é um suborno, é um meio motivacional, coisa que realmente resulta, muito bem até.
As recompensas ensinam o cão a querer fazer o que nós queremos que ele faça, como motivador ensina o cão a estar atento e motivado para agradar.

"Eu quero que o meu cão me respeite, não apenas por interesse"
Esta questão esconde uma lógica por vezes assutadora ... de que o cão irá respeitá-lo mais se usar no treino a correcção e a punição, em vez de recompensas de comida. Duh!! Atenção com aqueles que insistem que o assédio, o bulling e o uso da força fisica são necessárias para que o cão mostre respeito. Pelo contrário, ganhará gradualmente o respeito e a confiança do seu cão com conhecimento, compreensão e inteligência, através do treino por recompensas, nomeadamente de comida. Todos queremos que os cães nos respeitem e se orgulhem de nos ter como companheiros humanos, principalmente que respeitem as crianças, caso elas existam. O treino com recompensas de comida é a maneira mais rápida e eficaz para as crianças ganharem o respeito dos seus cães e isso demonstra a verdadeira eficácia desta ferramenta.

"Quero que o meu cão o faça porque estou a mandar"
Eu quero que os cães cumpram as minhas ordens, ponto final! Respostas rápidas e voluntariosas são pedras fundamentais num treino eficaz de cães. Concerteza que será possivel coagir ou forçar o cão a fazer as coisas como queremos, especialmente se o cão estiver à trela ou fisicamente restringido, no entanto quando estiver solto, fora do nosso raio de acção, ele irá ignorar as nossas ordens, deixando o treinador a treinar-se a si próprio. (dai a elevada procura da coleiras electrónicas, desmonstrando a ineficácia do treino pela coação)

"O meu cão não gosta de comida"
Basta escolher o tipo de comida apropriado e ensinar o seu cão a gostar de comida. Os cachorros facilmente aprendem a gostar de recompensas de comida. Para os cães adultos poderá resultar dar um pedaço de recompensa de comida antes de qualquer actividade que ele goste como: passear, subir para o sofá, apanhar a bola, etc.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fases do treino com recompensas.

Muitos criticos e donos desconfiam do treino com recompensas e afirmam que os cães depois só farão os exercicios caso tenha uma recompensa para lhe dar. O Dr. Ian Dunbar explica como retirar a recompensa por 4 fases, a que ele chama "quantum leaps". Fazer esse faseamento permite retirar a recompensa mantendo o comportamento desejado.

1. Retirar os engodos:
No inicio é vulgar usar a recompensa na mão como engodo para o cão seguir o movimento e fazer a posição desejada. À medida que o cão aprende a ver os movimentos e a antecipar a posição a sua mão passa a ser um gesto suficientemente eficaz. Mantenha a sua mão com a palma para cima para o senta, e para baixo nos deitas. A seguir a umas repetições o seu cachorro começará a antecipar a posição através do gesto. Depois retira o gesto e dê apenas a ordem verbal, sem repetir, e aguarde até ele cumprir. Faça repetições com sentas e deitas seguidos com as mãos vazias e a recompensa no bolso. Dê a recompensa a cada ordem directamente do bolso.
Esta é a primeira fase, o seu cão aprendeu que não precisa de ver a recompensa para que ela lhe seja dada. É hora de começar a reduzir as recompensas.

2.Reduzir as recompensas:
Vamos começar a pedir mais por menos. Agora faça as repetições com sentas e deitas seguidos com as mãos vazias com as recompensas no bolso e peça ... senta-deita-senta-deita... Não recompense a cada ordem e não tenha pressa em dar recompensas. Apenas recompense respostas rápidas, sempre melhores que as anteriores.
Esta é a segunda fase, o seu cão aprendeu que as recompensas nem sempre aparecem, e que é melhor responder sempre se quer que apareça a recompensa.

3. Retirar as recompensas:
Agora é altura de esvaziar os bolsos e recompensar com festas, recompensas verbais, brincadeira, obter qualquer coisa que ele queira, etc. Esta é a terceira fase, o seu cão aprende que há mais coisas boas que pode receber de cumprir ordens.

4. Retirar recompensas por completo:
Eventualmente deixará de ser necessário recompensar o seu cão pelos comportamentos desejados. Recompensar o cão é sempre desejável e agradável de fazer no entanto o seu comportamento já não está dependente da recompensa para acontecer.
Depois desta quarta fase as recompensas (de qualquer tipo) já não serão necessárias, uma vez que os bons comportamentos são auto-recompensantes, ou seja, a resposta é a recompensa para o cão. Na realidade é como aprender a estudar e ter boas notas na escola, chega a uma altura em que o bom aluno é recompensado apenas pelo facto de aprender e saber cada vez mais, não precisa de mais nada.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Quando é que isto acaba?

Não seja dos que não fazem nada para mudar!

Eleições europeias

Acabaram mais umas eleições, neste caso europeias. É com alguma tristeza que vi ganhar o cantidato Paulo Rangel, não por ele ser do PSD ou por não gostar de todas as suas opiniões, apenas tenho dificuldade em simpatizar com alguém que considera os animais como um recurso ao nosso dispor e não seres com os quais partilhamos a nossa casa que é a terra. Para mim alguém assim sofre de um problema de desensibilização como sofriam os nossos antepassados quando consideravam as pessoas de origem africana inferiores, ou as mulheres. Os animais não são de facto inferiores, são diferentes, só mesmo diferentes e quem sintonizou a SIC num destes domingos viu um documentário que provava que os chimpanzés têm maior capacidade de memória operacional que os humanos. Nós teremos outras partes do cérebro mais desenvolvidas, mas parece que essa não é uma delas. Sabe-se também que um polvo tem mais terminações nervosas que a maioria dos animais, como tal sentirá maior dor. Já está provado também que os animais têm emoções, coisa que foi um tabu durante décadas para os investigadores da vida selvagem, mas que agora assumem com grande certeza. Obviamente que não terão pensamentos tão complexos como os nossos mas as emoções base são as mesmas... não são por conseguinte apenas coisas, como a nossa legislação os classifica.
Posto tudo isto como é que deixamos que uma pessoa que ignora todas estas descobertas seja o nosso representante na Europa. A maioria dos portugueses é contra as touradas e a caça, considera-as bárbaras, no entanto a maioria escolheu o Paulo Rangel, não podemos deixar que estas coisas continuem a acontecer ficando de braços cruzados.
Vivemos em democracia e os tempos mudaram... é só uma questão de nos fazermos ouvir!

domingo, 7 de junho de 2009

Ensinar a gostar de ser examinado ou manipulado!

Viver com um cão que não deixa que lhe mexam, ou que o abracem é tão ridiculo como viver com uma pessoa que não goste de afecto. É para além disso potencialmente perigoso. Mesmo assim qualquer veterinário ou casa de banhos e tosquias para cães lhe dirá que é bastante comum aparecerem cães dificeis de manipular. Na verdade a grande maioria dos cães ficam com um nível de stress muito elevado quando são examinados ou restringidos por estranhos. Existem poucas diferenças fisicas entre um abraço e uma restrinção, ou entre a manipulação e a examinação. A diferença fundamental é a perspectiva do cão, ou seja, sentem que são abraçados e manipulados por familiares e amigos e restringidos e examinados por estranhos.
Os veterinários e os "groomers" simplesmente não conseguem fazer bem o seu trabalho se o seu cão não estiver relaxado e sossegado enquanto está a ser examinado e manipulado. Cães adultos, agressivos e medrosos ou cães adolescentes facilmente excitáveis muitas vezes necessitam de ser anestesiados, amarrados ou ençaimados para que se possam efectuar os exames necessários.
A restrinção feita pela primeira vez ou só na situação stressante transforma toda a experiência ainda mais assustadora para o cão e piora com o tempo todo o processo. Cães sem treino acabam expostos aos riscos de constantes anestesias, e aumentam os valores de cada consulta veterinária... e os motivos dos abandonos andam à espreita a cada esquina. Mas tudo isto é simplesmente ridiculo. Nós humanos não necessitamos de anestesia para consultas de rotina , no dentista, no cabeleireiro, etc. Nem os cães se os seus donos lhes ensinassem a gostar de estar com outras pessoas a ser manipulados e a terem calma.
É simplesmente injusto permitir que o seu cachorro cresça sendo medroso ou ansioso ao pé de pessoas estranhas e de serem tocados por elas. Se tivermos em mente que os cães vivem constantemente em contacto com pessoas, será uma vida de tortura para esse pobre animal.
Não é suficiente que o seu cachorro simplesmente tolere a manipulação, ele tem de aprender a gostar de ser mexido pelos estranhos. Um cão que não goste verdadeiramente de ser restringido ou manipulado por estranhos é uma bomba relógio à espera de rebentar. Um dia uma criança vai tentar abraçar o seu cão ou mexer-lhe e ele, você e a criança vão ter um grande problema.
O seu cachorro precisa de ser manipulado por pessoas da familia e depois disso por pessoas estranhas, comece também por pessoas adultas e só depois as crianças, primeiro as mulheres e só depois os homens.
Assim como os exercicios de socialização (artigo "Boas maneiras para cachorros" neste blogue) necessitam de ser iniciados por pessoas adultas da familia e com uma restrinção ligeira e à medida que o cão se habitua a ser manipulado poderá passar a integrar as crianças e estranhos nesses exercicios, bem como aumentar o nivel de restrinção exercida.
Um cão arisco é um cão potencialmente perigoso, esta não é uma questão de raça, de tamanho ou de género do cão, é uma questão de educação.
Por isso não deixe para amanhã o inicio deste treino, comece agora mesmo.

Bons treinos!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (10)

Pergunta 10: Como é que impeço o meu cão de roubar coisas como toalhas e papel higiénico?

Se não quer que o cão roube papel higiénico, coloque-os bem acondicionados no balde ou mande-os pelo cano abaixo. É tão simples quanto isso. Se o seu cão fica maluco com o papel higiénico use-o como recompensa, diga-lhe "senta, lindo menino toma o papel".
O segredo é manter a casa arrumada e com os objectos fora do seu alcance. Com os cachorros é obrigatório que tudo esteja fora do seu alcance até ele estar treinado em termos de boas maneiras em casa. Restrinja o acesso à casa de banho, à cozinha ou a outras divisões que tenham objectos possiveis de ser usados como brinquedo. E claro guarde: sapatos; livros; comandos de televisão; etc.
Simultaneamente, cultive o seu interesse em brinquedos de roer como kongs, bolas de encher de ração, ossos, etc. Pode transformar o seu cão num dependente de brinquedos de roer, colocando toda a sua ração nos mesmos. À noite faça a preparação dos kongs e congele-os, quando vai trabalhar no dia seguinte, esconda pela casa a quantidade diária de ração dentro de vários destes brinquedos. Assim o cão terá brinquedos bem mais interessantes que o papel higiénico. Passado uma semana, o cão transforma-se num kongodependente.
Adicionalmente, ensine-lhe jogos e interaja com ele de forma a exercitá-lo mentalmente o suficiente, pois ele necessita de tanto exercicio mental como fisico e um pode substituir o outro em algumas circunstâncias.
Dr. Ian Dunbar

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (9)

Pergunta 9: Como é que ensino o meu cachorro a parar de me morder?

A maioria dos cachorros são "máquinas de morder" com dentinhos afiados, e irão crescer e aumentar o poder da sua mordedura, por isso a inibição da mordida, ou seja aprender a usar a boca de forma gentil é muito importante na educação de um cachorro.
Ensine a inibição da mordida em duas etapas: 1- Limite a força da mordida do cachorro; 2- Diminua a frequência. Terá que ser pensado por esta ordem porque se inibir completamente o cão de morder demasiado cedo ele nunca aprenderá a controlar a força da dentada. Então porque não ensiná-lo simplesmente a morder?! Em adulto supondo que alguém pisa o cão e o magoe ou o assusta enquanto dorme ou roe um osso, a sua reacção instintiva será defender-se através de uma dentada ... e vai ser com força. Mas se ele aprender a não magoar as pessoas, através de treino de controle ele preferirá rosnar, dar dentadas no ar para afastar a pessoa, ou em último caso uma dentada que nem faz ferida.
Para inibir a força brinque com o cachorro tendo em atenção as suas dentadas. Quando as dentadas não magoam continue a brincadeira. Mas sempre que ele o magoa, pare, e diga "AI" e faça um intervalo de dois minutos na brincadeira. A diversão termina, forçando o cachorro a sossegar. O cachorro aprenderá que se mantiver as dentadas a um nível leve a brincadeira continua e está tudo ok, mas dentadas fortes não são bem vindas e fazem parar a diversão.
Para inibir a frequência, assim que o cachorro já controle com facilidade a força, faça de conta que essas dentadas leves também magoam, mesmo que seja mentira. Se ele apenas brincar com a boca sem a fechar diga-lhe "lindo menino", e reforce, mas se ele aumentar um pouco a intensidade diga "AI". O cachorro aprenderá que os humanos são basicamente em bom português umas flores de estufa, por isso terá que ter muito cuidado quando está a brincar não vá fazer alguma coisa que acabe com a brincadeira.
Eventualmente, se quiser, pare a brincadeira sempre que o cão morder seja como for.
Para um controlo ainda maior da mordida ensine-lhe a ordem "OFF" praticando este exercicio:
Deixe o cão mordiscá-lo, e depois diga-lhe "off". Quando ele soltar diga "muito bem" e dê-lhe uma recompensa. Depois deixe-o voltar a mordiscar. Para assegurar que o cão mantem o controlo na mordida pratique constantemente este exercicio até à idade adulta.
Dr. Ian Dunbar

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (8)

Pergunta 8: Como é que paro o meu cachorro de mordiscar ou morder a minha roupa ou as minhas pernas quando ando?
Este é um mau hábito que começa muito cedo, sendo a maneira mais frequente de brincar dos cachorros. Eles literalmente correm atrás de qualquer coisa que mexa e mordem, e nós temos tendência a achar-lhes piada por isso. Quando crescem este comportamento deixa de ser engraçado para os humanos.
Para algumas raças este comportamento é instantaneamente associado à raça. Pensam logo em agressividade o que não é verdade. Independentemente de não ser desagradável e das intenções do cão este comportamento tem ser parado para não criar antecedentes.
Então o que se deve fazer? Você diz, "Quieto" Para ele saber que não gosta desse comportamento. Não é necessário gritar ou assustar o cão e não há absolutamente nenhuma razão para o magoar. Reforce quando ele se comporta de maneira apropriada junto das pessoas. Diga-lhe, "Muito bem". É também aconselhável dar-lhe um brinquedo para manter a boca do cão ocupada.
Mande o cão sentar para parar de morder e quando ele o fizer peça à pessoa que o recompense, e ele aprenderá a cumprimentar as pessoas de forma mais adequada.

Dr. Ian Dunbar

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (7)

Pergunta 7: Como é que paro o meu cão de puxar a trela para ir ter com outros cães?

Para resolver este problema é necessário planeamento. É um problema que não se resolve em situações do dia a dia porque assim que o seu cão vê o outro cão é tarde demais e no momento que ele chega ao outro cão depois de puxar será largamente recompensado por puxar, por isso não aprenderá a não fazer isto. Cheirar coisas e principalmente outros cães é a maior recompensa possivel para um cão, e é essa a recompensa que ele recebe de puxar.
Por isso convide um grupo de amigos que tenham o mesmo problema e encene a situação:
1- Forme dois circulos de pares cães/donos: um pequeno e um outro maior à volta do primeiro.
2- Peça às pessoas no circulo exterior para andar no sentido do ponteiro dos relógios às pessoas do circulo interior para andarem no sentido contrário. (mantenham os cães no exterior)
3- Quando encontra outro um par peça ao seu cão que se sente. Quando ele o faz, aperte a mão com essa pessoa.
4- Agora você decide se deixa ou não o seu cão cheirar o outro. Se decidir que sim diga-lhe "ok". Cheirar o outro cão será a recompensa de se ter sentado e respeitado o seu sinal.
Quando os cães já efectuam o exercicio correctamente poderá inverter o sentido das rotações dos circulos. Faça isto durante 20 minutos.
O cão aprende que o andar calmamente à trela não o impedirá de cheirar os outros cães. Pelo contrári ele irá aprender que isso é precisamente o que possibilita que ele o faça. Se ele puxar a trela, puxe-o gentilmente para trás e espere que ele se sente.

Dr. Ian Dunbar

domingo, 17 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (6)

Pergunta 6: Como é que paro o meu cão de puxar à trela?

Puxar à trela é divertido para os cães. Estão a comandar o passeio, as direcções que são tomadas e os sitios a que se vão. Não há necessidade de prestar atenção às suas ordens verbais porque têm um meio de comunicação directo consigo... a trela.
Embora este seja um problema bastante vulgar entre os cães do cidadão comum, tem enormes repercussões: o cão puxa a trela, o dono acha desagradável passear o cão, o dono para de passear o cão. O cão começa a acumular a energia, e começa a arranjar formas de se entreter, e começa a ter comportamentos destrutivos e a ladrar compulsivamente.
Por isso ensine o cão a andar à trela de forma correcta. Isto não pode ser feito se for sempre a correr ou for a um sitio especifico com hora marcada. Para mudar um comportamento de um cão é necessário concentrarmo-nos nele para ser um treino efectivo, por isso saia de casa com bastante tempo e sem itenerário estabelecido.
O processo é o seguinte:
1: Fique quieto, não dê um único passo;
2: Espere que o seu cão se sente, quando ele o fizer reforce-o;
3: Depois, reforce-o por ficar quieto e a olhar para si;
4: Finalmente dê um passo.
Para os cães que puxem com muita força ou tenham um comportamento já muito estabelecido use recompensas de comida.
Verá que o seu cão sairá desparado assim que der um passo e puxará a trela. Por isso é crucial dar apenas um passo, não seis ou sete. O ciclo é: senta, recompensa, um passo, pare. Depois, senta, recompensa, um passo, pare.
Depis de cerca de seis repetições, o cão irá sentar-se imediatamente quando para. Assim que isso acontecer passe a dar dois passos. Depois três, quatro, cinco, seis, dez e por ai a diante.
Passado algum tempo verá que o seu cão estará a andar à trela agradavelmente sem puxar.

Dr. Ian Dunbar

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (5)

Pergunta 5: Como é que paro o meu cão de saltar para o colo enquanto estou à refeição?
Sempre que existe alguma coisa que não gosta que o seu cão faça deverá perguntar-se a si próprio como é que preferia que ele se comporte nessa situação. Como às refeições, em geral, estamos sentados, parto do principio que gostaria que o cão esteja quieto, de preferência deitado na sua cama.
Este é um comportamento incompativel: Se o seu cão estiver deitado na cama ele não consegue saltar-lhe para o colo enquanto come. Então a primeira coisa a fazer é ensinar as ordens básicas (sentar e ficar, deitar e ficar e de pé e ficar).
Depois, ensine o seu cão a ir para a cama dele: quando o seu cão não estiver a ver coloque uma recompensa na sua cama. Ele mais tarde ou mais cedo vai descobri-la e comê-la. Diga-lhe "fica" quando ele estiver em cima da cama e vá dar-lhe uma recompensa com ele em cima da cama e repita este procedimento várias vezes até o cão ir voluntariamente para a cama e basta ir lá recompensar de tempo a tempo. O seu cão inicialmente pensa que só consegue comida quando vem para o seu colo e desta forma aprende que na sua cama é que a recebe e irá preferir manter-se na cama de forma a receber as recompensas.

Dr. Ian Dunbar

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (4)

Pergunta 4: Como é que faço com que o meu cão pare de saltar para cima dos meus filhos?
Em primeiro lugar e muito importante é ter consciência que crianças e cães nunca devem ser deixados sozinhos sem supervisão. Nunca! Dito isto, a maneira mais fácil de fazer com o seu cão pare de saltar para cima dos seus filhos é ensinar-lhe a ordem "senta" ou "para", aquilo que preferir.
Assim que os seus filhos tiverem idade suficiente, a partir dos três anos e meio ou quatro anos, poderá ensinar-lhes a controlar o cão. Não só as crianças adoram poder treinar o cão como é óptimo para a sua auto-estima. Eles aprendem a controlar os comportamentos dos cães e estes adoram interagir com as crianças e serem treinados por elas, ou seja, toda a gente ganha.
A maneira de fazer isto é através do treino por recompensas:
1- Fique atrás do seu filho;
2- Diga ao seu filho para segurar um pequeno bocado de recompensa na mão fechada, e por protecção, com a sua mão envolva a mão do seu filho de modo a evitar pequenas dentadas do cão na mão do seu filho, na tentativa de tirar a recompensa;
3- Instrua o seu filho a dizer, "Joli, senta" enquanto faz o gesto correspondente usando a mão que tem a recompensa;
4- Quando o cão se sentar, diga ao seu filho para encorajar o cão dizendo "muito bem joli" e a dar a recompensa;
Claro que as crianças têm limitações fisicas e mentais em termos de timing e destreza manual, por isso é importante praticar regularmente para que ambos aprendam e criem laços positivos.
Dr. Ian Dunbar

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (3)

Pergunta 3: Como é que faço com que o meu cão pare de saltar para cima das pessoas?
Os cães saltam para cima das pessoas porque foram treinados para isso desde cachorros. Quando ele saltava para cima de si, ou punha as suas pequenas patinhas em cima de si quando era cachorro você dobrava-se e dava-lhe festinhas e dizia "muito lindo ... ai tão lindo que tu és".
Agora que o seu cão cresceu, saltar-lhe para cima já não é tão divertido e querido, e por isso não queremos encorajar isso. Uma postura inteligente é pensar no que é que gostaria que o seu cão fizesse quando dá as boas vindas às pessoas, e treiná-lo para o fazer. Sentar é uma forma simples e confortável para dar as boas vindas e existe uma forma muito simples de ensinar isso:
- Convide um grupo de amigos a ir a sua casa;
- Diga aos seus amigos para ignorarem completamente tudo o que o seu cão fizer como saltar, ladrar, etc, tentando obter a atenção das pessoas;
- Mas quando o seu cão se sente à frente ou perto de um deles, diga a essa pessoa para que diga imediatamente "lindo menino" ou "muito bem" e lhe dê atenção e festas como forma de recompensa.
Apenas será necessário uma duzia de repetições para que o seu cão perceba. E a beleza disto é que o seu cão pensa que o está a treinar a si e aos seus amigos ... "Uau, só preciso de me sentar em frente a um deles para que eles me façam festas... são mesmo fáceis de ensinar estes humanos".
Os cães comportam-se da forma que acham divertida por isso assumimos que saltar é divertido. Por isso faça com que salte à ordem, ensine o seu cão a saltar e dar abraços. O cão aprende que o comportamento aconselhável quando não existe uma ordem é sentar, mas se você o pedir, ele pode saltar e dar abraços.

Dr. Ian Dunbar

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros (2)

Pergunta 2: Como é que faço com que o meu cão pare de fugir?

Depende. Ele foge durante passeios sem trela ou foge do quintal?
Quando pesseia o seu cão sem trela podem surgir muitas distracções como outros cães, pessoas, animais que poderão despoletar uma resposta no sentido de fugir. Quanto mais próxima estiver a distracção menor é o controlo que tem sobre o seu cão, uma vez que o instinto começa a apoderar-se do seu comportamento e mais dificil será manter os comportamentos aprendidos para manter o controlo. A isto chama-se "instinctive drift".
Por isso é crucial ensinar o senta de emergência. Desta forma (através do treino correspondente à pergunta 1) o cão saberá que sentar não significa acabar a brincadeira o que fará com que não tenha tanta tendência para a fuga. Mantenha este comportamento bem presente pedindo um senta a cada dois minutos durante um passeio.
Se o seu cão foge do quintal, pergunte-se a si próprio, porque é que ele não está no interior da casa consigo? Se é devido a um problema de boas maneiras em casa ou de comportamento destrutivo, precisa de resolver esse problema e não a fuga. E caso não consiga precisa de tornar o quintal um sitio agradável e interactivo de modo a evitar comportamentos destrutivos nesse espaço, escavar, ladrar ou fugir.
Isso significa ser inventivo com os brinquedos de encher de comida, espalhá-los pelo quintal, escondê-los, com diferentes tipos de comidas. Dê ao cão apenas uma pequena porção da refeição diária e esconda o resto nesses brinquedos.
Ou ate os brinquedos a ramos de arbustos ou em sitios em que ele tenha dificuldade em chegar de modo a dificultar a tarefa e ocupá-lo o máximo de tempo possivel. Depois desta actividade ele irá dormir o resto do dia.

Dr. Ian Dunbar

domingo, 10 de maio de 2009

Dez perguntas mais frequentes sobre cachorros

O Dr. Ian Dunbar é conhecido por ter promovido o que se chama turmas para cachorros. Onde as pessoas podem, de uma forma segura, levar os seus cachorros para efectuarem um treino em obediência básica e socializarem com outros cães e pessoas.
Ao longo dos vários anos a realizar estas turmas de cachorros e respectivos donos, ele fez uma lista, que também achei muito pertinente, de 10 perguntas, as mais frequentemente feitas pelos donos, e decidiu responder a todas elas.
Vou colocar aqui ao longo de vários posts essas perguntas e as suas respostas. É aqui que se evitam os maus comportamentos caninos, evitando que eles surjam.
Pergunta 1: Como é ensino ao meu cão a vir de forma fiável quando chamado?
O elemento fundamental para uma chamada fiável é pensar nos possiveis interesses do seu cão. Pergunte-se a si mesmo o que distrai o seu cão e o impede de vir até si quando é chamado. Se calhar ele encontrou outro cão para cheirar, e prefere fazer isso do que voltar para si. Para ensinar o seu cão a vir de forma fiável à chamada é importante ser mais agradável e interessante que as distracções que estão a competir consigo. Faça de si mesmo algo irresistivel para que o cão queira voltar para si. Você pode fazer isso usando todas as coisas favoritas do seu cão como recompensa de vir até si (recompensas de comida, brincar, puxar um brinquedo, bolas, jogar à apanhada, etc.) Quando isso não resulta, outra coisa que pode fazer é usar a distracção em sua vantagem e transforma-la numa recompensa.
Para fazer isso precisa de integrar o treino na brincadeira. Por exemplo, quando seu cão está sem trela a brincar faça um intervalo de treino a cada dois minutos. Diga "Anda cá! Senta!" e quando ele o faz, faça-lhe uma festa e diga "muito bem" e depois diga-lhe "vai". Brincar e cheirar passam assim a ser recompensas de vir quando o chama. Quanto mais fizer este exercicio melhor será a resposta e mais fiável será a chamada.
Se o seu cão sentir que de alguma forma está impaciente ou aborrecido, através do seu tom de voz e gestos do seu corpo, ele terá menos interesse e vontade em vir ter consigo. Uma opção mais simples é ensinar ao seu cão um "senta de emergência" ou um deita em vez de vir até si. Porquê? Porque senta, em oposição a vir, é um comportamento muito mais simples de manter quando é dada a ordem. Não tem o problema de ser gritada e numa emergência temos tendência a gritar.
Ao integrarmos o senta na sessão de brincadeira, noventa por cento do tempo poderá seguir um bom comportamento do seu cão por um "vai", esteja ele perto ou à distância, ele imediatamente é recompensado pela brincadeira ou por andar livremente. Dez por cento do tempo peça para vir a seguir ao senta, e ele virá porque terá aceitado a realização da ordem uma vez que se sentou, e terá mais probabilidade de realizar a ordem seguinte.
Dr. Ian Dunbar

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Conversa da revelação para os donos de cães!!

Esta história foi retirada na integra do site http://www.itsallaboutdogsforum.com/ e foi escrito pela treinnadora Cláudia Estanislau. Parece-me uma história que traz luz de forma perfeita para todo este conceito de treino positivo em oposição aos métodos tradicionais. Esta poderá ser perfeitamente a perspectiva do seu cão, porque de facto todos os cães só querem agradar os seus donos, embora por vezes não entendam como o podem fazer...

Aqui fica então uma conversa entre o Max e o Brutus, por Cláudia Estanislau:


O Max encontra o Brutus que está solto num pátio. O Brutus rosna quando vê o Max aproximar-se do portão

Max - “Calma companheiro, eu não vou invadir o teu território só venho conversar!”Sou pacífico!”

Brutus - “GRRRRRR! Também eu, mas o meu dono é que não gosta de outros cães, por isso é melhor ires embora senão sobra para mim..: GRRRRR!”

Max - “Como assim ele não gosta de outros cães?”

Brutus - “Não vês? De cada vez que um cão se aproxima ele puxa na coleira e estes espigões cravam-se no meu pescoço! Sai daqui! GRRRRRRR! Ele pode sair de casa e vem cá e fecha-me na garagem! Vai embora! GRRRRRR”

Max – “Credo nem tinha reparado, eu afasto-me então”Max vira-se e cheira o chão afastando-se. Já longe...

Max - “Como te chamas?.”

Brutus – “O meu nome é Brutus Não. E tu?

Max – “Eu sou o Max Muito Bem”

Brutus – “Porque é que não tens uma destas coleiras como a minha?”

Max – “Não sei... se calhar o meu dono não tem medo de cães ..”

Brutus – “Pois, mas sem a coleira como é que sabes o que podes fazer?”

Max – “Como assim?

Brutus – “Bom, o meu dono quando não quer que cães se cheguem perto ele puxa na coleira, mas por exemplo, quando quer que eu me sente também puxa na coleira para trás e quando quer que eu me deite também. Mas eu sou muito inteligente e já percebi, e antes que ele puxe, eu já faço o que ele quer quando ele diz aqueles sons altos, Platz por exemplo é quando ele quer que eu me deite. Eu deito-me antes dele ter que usar a coleira, assim poupo o meu pescoço”.

Max – “O meu dono diz o som deita quando quer que eu me deite. Eu também faço esse truque! Mas ele não usa a coleira.”

Brutus – “Mas sabes sempre que ele quer? No outro dia estavamos num sítio com muitos cães e eu fiquei preocupado e queria estar de pé para poder ver o que se passava e quem vinha lá, e o meu dono disse o som Platz, mas eu não sabia se ele queria mesmo que eu me deitasse, porque ele nunca me pediu isso antes quando estamos com tantos cães à volta e havia lá alguns cães não muito amigáveis, eu bem vi..:”

Max – “ que horror! Mas tentaste dizer-lhe que te sentias desconfortável a deitares-te à volta de tantos cães?”

Brutus – “Sim mas foi pior!”

Max – “Como assim?”

Brutus – “Bom eu, lambi os lábios e baixei a cabeça, mas ele ficou muito chateado comigo e ainda puxou mais na trela enquanto gritava Platz!. Depois disse que eu era “desobediente”. Sabes o que é isso?”

Max – Não...

Brutus – “Nem eu.... Mas deitei-me porque me dóia muito o pescoço dos esticões. Se tu não tens coleira como é que fazes?”

Max – “Bom o meu dono dá-me sempre uma recompensa quando eu me deito.”

Brutus – “Recompensa? Que é isso?”

Max – “Bom ele dá-me sempre um petisco, às vezes dá-me galinha ou então atira-me a bola, outras vezes joga ao tug comigo, é muito divertido”

Brutus – “Sempre que ele diz aquele som e tu fazes o deita ele dá-te isso?”

Max – “Bom nem sempre, mas quase sempre. Eu por via das dúvidas faço sempre porque quando menos espero ele dá-me algo e não custa nada fazer não é?”

Brutus – “Pois... assim é”

Max – “Já tentas-te dizer ao teu dono que os outros cães não fazem mal?”

Brutus – “Não sei como. Tudo começou quando ele me levou ao treinador. Eu não percebi nada do que ele diziam, mas o meu dono pôs-me esta coleira e o treinador disse que eu não ia puxar mais na trela. Eu senti-me muito desconfortável com esta coisa no pescoço e tinha que caminhar muito devagar, mas lá me fui habituando. Um dia quando passeavamos vi a Carlota sabes quem é?”

Max – “A Labradora do quarteirão de cima? Aquela com a coleira verde?”

Brutus – “Essa mesmo. Eu quando era pequenino brincava com ela, e então eu vi-a e chamei por ela. Ladrei e tentei caminhar para perto dela, para podermos brincar outra vez. Mas o meu dono começou a dar-me muitos esticões na coleira e começou a doer muito, e foi aí que eu me apercebi que ele tinha começado a não gostar de cães. A partir daí começei a dizer aos outros cães à distância para sairem do caminho do meu dono. Ladro alto para eles ouvirem bem e mostro que estou a falar a sério, mas o meu dono fica mesmo zangado..:”

Max – “Coitado do teu dono ele se calhar teve algum trauma quando tu não estavas lá”

Brutus – “Pois, mas eu por mais que ladre aos outros cães e os avise para se afastarem o meu dono continua a não gostar muito... Perdi todos os meus amigos e sinceramente deixei de gostar de falar com outros cães, nem gosto de os ver perto”.

Max – “Pois assim é complicado. Espero que o teu dono ultrapasse esse medo e te liberte dessa coleira feia. Nem sei porque é que a tens ao pescoço se estás no teu pátio solto”.

Brutus – “Ele nunca me tira isto. Diz que eu me porto mal quando não a tenho e que preciso de o respeitar. Sabes o que é isso?”

Max – “Não... desculpa não sei o que é”

Max aqui anda vamos embora companheiro! – chama o dono do Max

Max – “Tenho que ir o dono tem algo para mim! Boa sorte Brutus Não...se te vir a passear com o teu dono afasto-me não te preocupes..:”

Brutus – “Ó pá obrigada... Xau, foi bom conversar, mas não venhas mais por aqui.

Tradicional versus Positivo

Existe neste momento uma discussão no mundo do treino de cães acerca dos métodos que se aplicam, nomeadamente entre os métodos positivos e os métodos tradicionais. E de facto onde é que existe modificação de comportamento efectiva, onde é que o cão altera de forma fiável a sua atitude perante o estimulo que anteriormente provocava um comportamento não aceitável? Esta é a pergunta e acho que as diferenças são gritantes, mas vamos comparar...



Este video é o bom exemplo de que o cão parece aprender que tem de estar sossegado mas de facto o que acontece é que ele atinge um nível de stress tão elevado (patente na expressão facial do cão ao longo de todo o video) que no final ele entra em "learned helplessness", ele rende-se. Este fenómeno foi estudado colocando animais numa jaula e dando-lhes choques eléctricos repetidos e eles a tentar evitar os choques pulavam, davam dentadas no ar, contorciam-se, ganiam, até que por fim todos acabavam por se encolher a um canto imóveis, mesmo continuando a levar choques, ficando como que adormecidos. Eles sentem os choques, não ficam insensiveis, ficam num estado de desespero que poderemos chamar de "choque".



Este video demonstra o inverso do anterior. Aqui não existe uma imposição de estatudo por parte da pessoa, o que acontece é que se coloca o cão a pensar no modo de obter recompensas e consequentemente em agradar a pessoa, colaborando no treino e oferecendo o comportamento desejado. Podemos treinar qualquer comportamento desta forma, e mesmo parecendo menos imediato que os métodos tradicionais, não é, e os seus resultados são mais fiáveis em termos futuros. O cão depois de associar algo positivo ao corte das unhas nunca mais irá morder uma pessoa que lhas corte, porque isso seria acabar com algo potencialmente gratificante para ele.

Bons treinos!

sábado, 25 de abril de 2009

O Medo!

Artigo original escrito por Marie Finnegan em http://www.dogstardaily.com/.

É bastante frequente nos cães existir o medo de determinadas situações ou objectos e isto poderá vir de experiências vividas durante a fase de cachorro. Todos os cães atravessam esta fase que é a de socialização mas que também é uma fase mais propícia a formação de traumas. Por exemplo: o cachorro está na sua nova casa e uma visita de chapeu tropeça numa cadeira que cai ao lado do cachorro. Isto poderá desenvolver um medo de homens de chapeu. Obviamente a pessoa não o fez de propósito mas o cão não sabe isso. Para outros cães ou noutra fase de desenvolvimento, este acontecimento poderá ser assustador durante uns minutos mas depois é esquecido.
A atitude do dono deverá ser a de estar atento a atitudes medrosas inexplicáveis por parte do cachorro, algo que até a esse momento não desencadeasse nenhum medo mas que desta vez o faça. Ou então se demonstram nervosismo ou stress repentinos com tudo em geral.
A partir dai cabe-nos tentar mudar essa atitude. Não deveremos nunca forçar o cão a aproximar-se daquilo que o assusta. Poderemos atirar uma recompensa para junto do objecto que o assusta e abservar se ele se aproxima, ou simplesmente reforçar com festas cada movimento na direcção do objecto. Podemos também usar um clicker para marcar esse movimento, e cada passo no sentido do que lhe causa medo pode ser reforçado.
Se o medo for em relação a um objecto que se possa mexer certifique-se de que ele não se mexa enquanto o cão está a explorá-lo numa atitude de curiosidade, evitando a criação ou agravamento de medos. Assim que ele estiver mais à vontade junto do objecto parado poderá fazer com que ele se movimente.
Se o medo for em relação a pessoas estranahas em geral na sua casa não se deve esquecer nunca que um cão com medo é um cão potencialmente agressivo se aprender que isso afasta o que causa medo, e por isso deverá organizar umas jantaradas em sua casa o máximo de vezes possivel de modo a ter uma grande afluência de pessoas e procure que estas contactem com o cão e lhe deêm pequenas recompensas cada vez que se aproximam dele.
Se forçar o cão a aproximar-se do foco do medo ele poderá atingir um nível de stress que ficará incapaz de efectuar qualquer aprendizagem porque está no nível instintivo de luta ou fuga, e por isso incapaz de qualquer raciocinio. Poderá haver situações onde isso é necessário mas na maioria das situações ficaremos com um cão que se encontra numa situação de "learned helplessness". O cão parece ter aprendido a aceitar o que lhe causa medo mas de facto aprende que não existe outra hipótese, rende-se a nós. (É o que o Cesar Milan faz no seu suposto treino de cães) Isto não lhe retira o medo apenas muda a sua reacção, naquele momento.
Bons treinos

sábado, 18 de abril de 2009

Não existe limite ao treino positivo

Baseado num artigo de Claúdia Estanislau em http://www.itsallaboutdogsforum.net/.
As pessoas que não costumam encarar o treino do seu cão apenas por reforço positivo consideram normalmente que este método tem limitações e que eventualmente terá que se recorrer ao reforço negativo. Na verdade essas limitações estão na nossa cabeça e em mais lado nenhum, porque uma coisa é não imaginarmos como acabar com determinados comportamentos de forma positiva e outra completamente diferente é não existir uma forma de o fazer. Existe na verdade sempre uma forma positiva de acabar ou mudar um comportamento indesejado.
Todos os animais estão programados para o fazer, através da selecção natural do senhor Darwin. Imaginemos uma águia que tem um território e certa vez passa a voar num determinado vale encontra um coelho e come-o, a passagem por esse vale passa a ser parte integrante do itenerário de voo diário. Imaginemos uma pessoa que passa por uma rua e um dia encontra uma nota no chão junto de um poste, a partir desse dia é garantido que vai olhar sempre para o chão nesse sitio, não o consegue evitar. Agora imaginemos um cão que chora para lhe abrir uma porta e você farta-se de o ouvir a ganir e vai lá abrir a porta, a partir desse dia não vai chorar de solidão vai chorar com o propósito de abrir a porta. A isto chama-se sobrevivência e adaptação ao ambiente, aquilo que é reforçado é repetido e o que não é reforçado extingue-se.
Mas então como é que por reforço positivo extinguimos um comportamento?! Bem a resposta já está dada, através de não reforçar inadvertidamente o comportamento, ignorando o cão nessas situações. Imaginemos que estamos na hora de dar comida ao nosso cão e começamos a mexer no saco de ração no comedouro, etc., o cão começa aos saltos, suja a nossa roupa, derrama a ração pelo chão e dificulta a passagem da ração do saco para o comedouro connosco a gritar o tempo todo "TÁ QUIETO, TÁ QUIETO". Bem o que interessa em termos de treino de cães não são as nossas palavras são as nossas acções e a moral da história é que no final deste fernezim ele está a comer alegremente perfeitamente convicto de que foram os seus saltos que levaram à recompensa. Ninguém gosta destes comportamentos mas estamos a reforçá-los inadevertidamente e o que devemos fazer é reter a comida até que nos seja oferecido um comportamento "educado" por parte do cão e nesse momento dar a comida, fazendo isto extinguimos o comportamento antigo e reforçamos o novo.
No entanto o que um dono de um cão deve ter em mente é que em todos os momentos de um dia o cão está a ser educado, ou seja, todos os comportamentos que são produzidos pelo cão serão reforçados ou ignorados pelo dono e através disso ele irá repeti-los ou entrarão em extinção. Mas se no inicio o cão aprende que determinado comportamento é reforçado (como ganir e os donos aparecerem nem que seja para ralhar) quando o dono resolver extinguir o comportamento vai-se deparar com uma situação a que se chama "extintion burst". Este fenómeno pode ser explicado através da seguinte comparação ... alguém tem um carro novo que pega imediatemente quando roda a chave e um dia roda a chave e nada, a pessoa imediatamente chega à conclusão que o carro está avariado e chama o reboque, no entanto outra pessoa que tem um carro em quinta mão que por regra pega à quarta ou quinta vez que damos à chave na ignição, num certo dia dá a chave cinco e nada, tenta seis, sete, dez vezes, ou tenta durante uma meia hora até chegar à conclusão que realmente o carro nesse dia não vai pegar e chama o reboque. Antes de desistir esta pessoa vai tentar várias vezes com cada vez mais ansiedade até atingir um pico de frustração e de seguida desistir. Isto também acontece com os cães quando pretendemos extinguir um comportamento, e na verdade quando julgamos que está a piorar muitas vezes isso poderá ser um indicador que está na verdade a resultar e entrar em extinção.
Existem ainda situações em que o comportamento indesejado é um reforço em si para o cão, como por exemplo fazer exercicio na sala e o seu cão achar que é brincadeira e começar a saltar a rosnar, a ladrar, etc., impedindo o seu exercicio e adorando estar aos saltos por todo o lado. Nestas situações será mais aconselhável ensinar ao cão o que chamamos de comportamento incompativel. Ensinamos o cão, reforçando o comportamento, por exemplo a estar sentado ou deitado enquanto estamos a fazer exercicio na sala, paramos de pouco em pouco tempo para reforçar o cão no local onde está deitado (vamos aumentando o tempo entre as recompensas) até poder fazer todo o exercicio que queremos. É o que se chama comportamento incompativel porque enquanto está deitado, o cão não pode estar a saltar, e ele devido ao reforço vai preferir estar deitado.
O pico antes da extinção:
Ensino de comportamentos incompatíveis:
O limite do treino positivo está na imaginação do treinador.
Bons treinos!