quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Use as suas ferramentas...



AAH, é domingo de manhã e você decide ir dar um passeio com o seu companheiro canino até uma esplanada e ficar a molengar e a ver o mundo passar por si sem se ralar com nada. Senta-se na mesa da esplanada junto ao passeio da rua e o seu plano de domingo de manhã é arruinado porque o seu cão decide aterrorizar todos os amiguinhos de quatro patas que passam pelo passeio.
Você nesta situação começa por tentar chamar o seu cão à razão, dizendo-lhe para se acalmar, sorri para os donos dos outros cães e pessoas da esplanada na tentativa de esconder o seu embaraço, afinal não é nada demais, o seu cão não é perigoso. Depois à medida que a sua frustração aumenta, o tom de voz para com o seu cão também muda, a raiva começa a trepar por si acima. Depois de todos os discursos irritados falharem decide beber o resto do que pediu e levar o seu cão para casa, com o a desilusão de ter um cão que não consegue acalmar-se e comportar-se.

A coisa engraçada é que toda essa cena e todo esse monólogo poderia ter sido evitado se pura e simplesmente tivesse aplicado os conhecimentos de obediência básica do seu cão, ele sabe sentar e olhar?

Por qualquer motivo que desconheço quando estamos perante situações de embaraço temos tendência a esquecer as nossas competências, talvez esteja formatada na nossa cabeça uma aula formal de obediência, e não fazemos a transição para situações do dia-a-dia onde podemos aplicar essas mesmas ordens de obediência básica.

Este post serve para lembrar exactamente isso, um comando de obediência básica tem várias aplicações, não é apenas para demonstrar o nosso controlo sobre o cão, serve para o dia-a-dia.

Com isso em mente aqui fica a chave da criação de um cão bem educado que podemos levar connosco a qualquer sitio, afinal é esse o sonho que qualquer pessoa que goste verdadeiramente de ter um cão.

O primeiro passo é construir uma boa base através da obediência básica com: senta; deita; de pé; olha; junto e anda. Podem ser muitos mais, mas com estes já terá muito por onde trabalhar.

O segundo passo é... usá-los!!! Use o que treina como uma utensilio para a comunicação e como base para as boas maneiras. Cada vez que não gosta do que o seu cão está a fazer peça-lhe algo aceitável nessa altura... é tão simples quanto isso. Um bom exemplo é o saltar para cima das visitas... uma boa maneira de acabar com isso é pedir um senta para receber atenção do dono e das visitas... não precisamos de treinos xptos, precisamos de compartamentos aceitáveis que substituam os comportamentos inaceitáveis nas mesmas alturas do dia-a-dia.

O terceiro passo é fazer tudo isto em todas as sdituações de interacção com o seu cão nos mais diversos cenários do dia-a-dia, acabando por se tornarem uma rotina e um hábito.

Bons treinos!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os donos e os seus cães...

Depois de uma ausência longa de posts, depois de vários acontecimentos marcantes na minha vida, finalmente resolvi colocar um post.

Os donos de cães são um "pouco" como os pais das crianças... a professora chama o pai à escola para explicar que o menino andou a apedrejar os colegas, os funcionários e os vidros da escola... e o pai escandalizado diz... "O meu filho?! Tem a certeza que era ele? Mas isso deve ter sido porque alguém o incentivou a fazer isso... ele não é dessas coisas, porta-se sempre tão bem! Aliás se existe aqui culpa de alguém é da escola porque não deveriam andar pedras à solta... depois os miúdos não têm noção...!"
Vamos por partes, porquê achar que a professora exagera? Porquê achar que o filho é apenas uma vitima das ideias dos outros miúdos da idade dele? Porquê achar que o mundo deve ser isento de "pedras, tipo bolha protectora?

Os donos de cães muitas vezes também vestem esta pele de responsáveis, como quem pensa, se ele tem problemas então se calhar a culpa é minha... mas fiz tudo certo, devo estar a exagerar, ele é normal... isto é só uma fase.
É curioso como um treinador se vê em situações difíceis com os donos de cães, tentamos fazer uma boa colheita de dados inicial para ter a certeza que o treino é adequado ao problema comportamental que temos pela frente, mas os donos invés de serem nossos aliados, por vezes são mais um obstáculo, não contam os factos, contam sua interpretação dos factos, que é algo completamente diferente.

Treinador (T): "Então o que tem o Bobi?"
Dono (D): "É muito mau para os outros cães!"
T: "Mas o que é que aconteceu?"
D: "O que aconteceu é que já não sei o que fazer, já tenho medo de sair de casa!"
T: "Mas ele mordeu noutro cão? Oque é que faz?"
D: "Quando vê outro cão transforma-se num animal furioso!"
T: "Furioso?"
D: "Sim começa a rosnar a ladrar a puxar à trela como se quisesse ir comer o outro cão!"
T: "Já mordeu em algum cão?"
D: "Não nunca mordeu, mas também não costumo deixá-lo chegar-se a outros cães... tenho medo percebe?! De certeza que vai correr mal!"
T: "Mas ele nunca teve com outros cães?"
D: "Já, com dois ou três cães de pessoas que conheço e correu tudo bem, até brincou!"
T: "Não mostrou nenhuma agressividade?"
D: "Não, quer dizer também parecia estar zangado na trela, mas assim que o soltei ficou tudo bem"


Neste caso o cão sofria apenas de reactividade à trela, fruto talvez de muitos passeios sem o dono o deixar ir conhecer os outros cães... e muito poucos momentos de diversão com outros cães à solta.
Na verdade o cão era um cão sem grandes problemas de comportamento, apenas tinha um problema que aumentava muito a ansiedade do dono e isso transformou-o num grande problema aos olhos do dono. Durante grande parte da conversa inicial não conseguíamos sair da interpretações...

Bons treinos!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Curso de Terapias Assistidas com Cães


Aqui está um curso que iria a correr e aos saltinhos se pudesse, mas sem olhar para o lado, vale a pena ir a este curso com toda a certeza se formos interessados em Terapias Assistidas com Animais. Mais uma vez a Educacão a fazer das suas.

Parabéns Fernando.

sábado, 25 de setembro de 2010

"Movidos a 4 patas!"

No próximo dia 27 de Setembro inicia-se um novo projecto, de cariz local, que espero ter um efeito positivo na sociedade local de Beja. A Associação Cantinho dos Animais de Beja, com o apoio da Rádio Pax irá iniciar uma Rúbrica intitulada "Movidos a 4 patas", que é o slogan desta nossa associação. O programa passará às segundas-feiras pelas 10h30m e terá repetição nesses mesmos dias pela tarde.
Com este programa pretendemos transmitir conselhos de como atingir uma relação equilibrada entre o dono e o seu cão nas várias fases da vida do mesmo, podendo desta forma ser evitado o abandono do animal. Será um prazer poder ter um espaço onde poderei transmitir os conhecimentos para todos os donos, fazendo-os perceber que as respostas para os problemas, que parecem tão graves, muitas vezes são tão simples, basta para isso amor pelo seu cão e vontade para mudar as coisas.

Por isso façamos figas para que o efeito e o sucesso deste programa seja o esperado.

Bons treinos!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A importância da consistência... outra vez!

Não existem segredos escondidos no treino de cães, no entanto está aos olhos de todos que existe uma coisa fundamental, a consistência.
Os cães são autenticas máquinas de padrões de correspondência. Claro que são animais complexos com emoções, com interesses, mas são muito bons a reconhecer e a interiorizar padrões de comportamento. E faz todo o sentido que assim seja, os animais que facilmente conseguem reconhecer onde existe um comportamento vantajoso ou onde existe um comportamento desvantajoso são recompensados com a sobrevivência, vivem mais anos, deixam maior número de descendentes com essa tendência natural, são seleccionados através da selecção natural, portanto é uma das bases dos comportamentos dos animais em geral.
Já viu com certeza o seu cão interiorizar comportamentos padrão. O som do seu carro quando está a chegar, o som da chave na fechadura, o agarrar na trela. Cada uma destas situações é para registar e depois atribuir-lhe uma associação, é assim que a aprendizagem funciona.
Então quando não existe um padrão óbvio é muito dificil aprender, uma vez que não existe como fazer uma associação. Quando o seu cão não consegue aprender, improvisa... e acredite que não é isso que deseja!
Um ambiente consistente, cheio de rotinas consistentes é aquilo que necessita de efectuar com o seu cão. Um ambiente previsível resulta em comportamentos previsíveis. O resultado de um ambiente imprevisível? Nada bom!!
Esta é uma boa parte do que ensino aos donos de cães. Simplesmente aumentar a previsibilidade ao dia-a-dia do cão tem um grande impacto no seu comportamento. As coisas mais especificas são mais simples e menos importantes por vezes.
É por isso que todas as pessoas que fazem treino de cães concordam, independentemente da metodologia de treino usada concordam que a consistência é a chave de um bom treino.

Ponha-se no lugar do seu cão... está rodeado que sinais consistentes do que deve ou não fazer?

Bons treinos!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

TREINO CANINO EM POSITIVO Sim!... Sou maluco a esse ponto!

Sinto necessidade de escrever este post devido às caras de espanto que me deparo cada vez que afirmo não utilizar nenhum aversivo... sim... sou maluco a esse ponto e pelos vistos resulta muito bem.

Escolho evitar a violência em todas as minhas interacções com animais. Não uso a privação de oxigénio como consequência de um comportamento indesejado, não agarro o cão pelo cachaço, não espanco o cão, não belisco as orelhas ou patas dos cães, não faço nada para tentar imitar o comportamento de outro cão. Tento evitar o uso de aversivos auditivos também como gritar ao cão. Pessoalmente considero essas coisas tristes, deploráveis e desrespeitosas. As minhas interacções humanas ensinaram-me que é necessário o respeito para obter o respeito, e ainda não encontrei nenhuma evidência que isso não possa ser verdade no que toca a canídeos.

Também escolho fazer figuras ridiculas com os meus cães, ou a treinar cães, no sentido de obter parceiros de trabalho e melhores amigos entusiásticos, voluntariosos e confiantes. Faço sons ridiculos, utilizo brinquedos com apito na rua, à medida que passeio o cão, mudo de direcção imprevisivelmente, como se de um maluquinho se tratasse. Não ando com a trela esticada, por isso poderão ver-me parado no passeio durante algum tempo, admirando o jardim do vizinho, ou a olhar os carros que passam até que o meu cão se decida a retirar a tensão da trela.
Em suma, pareço, aos olhos da população em geral, doido varrido, tal como aos olhos de alguns familiares e amigos.

Maluquice ou senso comum!?
Enquanto que muita gente realmente considera estes pontos de vista disparatados eu espero que outros compreendam onde quero chegar e o que quero transmitir. Como alguém que treina cães, estas coisas são apenas do senso comum para mim.
Aqui estão as razões principais:

Os cães aprendem por associação - através do condicionamento clássico, experiências aversivas na presença de um determinado estimulo ou num determinado ambiente podem criar uma resposta emocional negativa permanente ao estimulo em questão. Se alguém grita ao seu cão sempre que ele puxa à trela quando vê outro cão como é que o cão sabe que a gritaria não está associada ao outro cão mas sim ao puxar da trela? Se o cão considerar esta experiência aversiva poderá passar a não gostar da presença de outros cães e reagir de forma agressiva. E se for um comportamento agradável, um comportamento desejável, como ficar focado em mim e oferecer comportamentos de relaxação? E se o Bobby, que normalmente é timido com crianças ficar relaxado enquanto uma criança lhe faz umas festas? Os comportamentos correctos têm demasiada importância para nos arriscarmos a envenenar um comando ou desenvolver uma reactividade ou um problema de ansiedade quando poderia perfeitamente ser evitado através da gestão correcta destas situações.

Os cães são sensiveis às emoções humanas - Esta é de facto uma das razões porque gostamos tanto deles. Eles parecem naturalmente perceber o nosso estado de espirito, parecem conseguir ser empáticos, principalmente devido aos milhares de anos de evolução conjunta entre as duas espécies. Os cães conseguem sentir quando os donos estão stressados, contentes, frustrados, ansiosos, etc, através da nossa linguagem corporal. Por isso se queremos um amigo voluntarioso não será com gritaria e violência que chegaremos lá... ele topa-nos à légua!


Por estas razões e por tantas outras que só quem vê num cão um amigo é que sabe eu escolho ser maluco... bons treinos!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mais um dia bem passado...

Lá fui passar mais um dia a aprender mais qualquer coisa acerca de comportamento canino e claro o treino de cães... conheci o senhor Óscar Gil Martorell e digo-vos que é alguém a manter sob vigilância neste mundo do treino, tem uma postura muito prática, muito objectiva e muito clara.
Foi mais um dia de Summerdogcamp, com o tema de "Treino de cães ao domícilio".
O senhor é responsável pelo Educadorcanino (http://www.educadorcanino.com/).
Presidente da Asociación Española de Educadores Caninos en Positivo (AEEC) (http://www.aeecp.es/).

Foi um momento para reforçar a determinação, a motivação, o desejo, o gosto e tudo e mais alguma coisa. Estava a precisar desta recarga de ideias, de conceitos e processos. Aprendi coisas novas, confirmei processos que já utilizo e mais uma vez sai com a sensação que tenho muito a aprender acerca do treino canino, mas ao mesmo tempo que estou no caminho certo.

Esperemos que um dia as pessoas que têm a motivação necessária para criar algo em português à luz do que existe em Espanha consigam esquecer as divergências, dialogar e concretizar as suas ideias, para o bem de todos.

Bons treinos!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Agressividade Defensiva (por medo)

Um cão mesmo bem socializado pode rosnar quando alguém estranho se aproxima. O rosnar não é sinónimo de ataque, é sim um aviso de que está desconfortável, o objectivo é precisamente evitar ter de se defender através de uma dentada. Quando o seu território de seguranaça é violado o cão tem duas opções, fugir ou convencer o intruso a recuar. No entanto, se pensarmos bem, em muitas situações de agressividade defensiva a fuga do cão é impedida. Por exemplo, quando está à trela no veterinário a ser examinado, ou quando é encurralado por uma criança na brincadeira, o cão apenas pode rosnar como sinal de aviso do seu desconforto, dizendo à criança e ao veterinário para se afastarem. O rosnar não é um sinal de problemas comportamentais irreparáveis é sim uma forma de comunicar o seu desconforto por estar a ser forçado a viver uma situação ameaçadora aos seus olhos, para a qual não estava devidamente preparado, o dono está a pressionar demasiado o cão. E se os donos continuarem a pressionar muitos cães acabarão eventualmente por morder, uma vez que se vêem numa situação é que a dentada é a única coisa que podem fazer para evitar a exposição ao perigo.
Este tipo de situações podem ser resolvidas, não através da pressão po parte do dono, mas antes através de técnicas de desensibilização, mas claro, são muito mais fáceis de ser prevenidas durante os primeiros meses de vida do cão através de uma exposição progressiva e cuidada a possiveis ameaças e criar um comportamento de confiança por parte do cão nessas situações.
Com efeito, apenas o que temos de ensinar ao nosso cão é que as pessoas estranhas, as crianças, o veterinário, etc, não são ameaças para ele, ele não tem razão para ficar na defensiva. O dono tem de lidar em primeiro lugar com a falta de confiança do cão perante a pseudo-ameaça.
A aparente facilidade na resolução do problema não deve seduzir os donos a facilitar, porque estas situações poderão resultar em episódios muito graves. Até o problema estar efectivamente resolvido o senso comum deverá levar-nos a não permitir que se criem as condições para que nenhum episódio desagradável aconteça, o cão deve estar preso ou confinado sempre que esteja em presença da fonte de medo. Sem o tratamento apropriado a confiança e comportamento do cão irá piorar a cada exposição a situações ameaçadoras.
Independentemente do motivo pelo qual o cão tem medo e rosna existe muita urgência em solucionar o problema, em reconstruir a confiança do cão para que ele possa recuperar a sua vida de novo em pleno.
Se o dono é fica nervoso e reactivo, o cão irá muito provavelmente ficar mais nervoso e reactivo. À medida que o cão começa a fazer as suas demonstrações de medo, como o rosnar, o dono começa a ficar mais apreensivo. À medida que o cão sente o aumento da tensão do dono, fica cada vez mais reactivo. Um ciclo vicioso rapidamente se desenvolve uma vez que o desconforto do cão alimenta a ansiedade do dono e vice-versa. A aproximação da ameaça poderá ser a última gota que leva o cão a rosnar ou morder.
O reforço negativo deverá ser evitado para tentar solucionar estes problemas porque poderá criar situações onde fica inibido o rosnar mas o medo da ameaça subsiste, uma vez que o reforço negativo não faz nada para o resolver, e o cão continua a sentir-se ameaçado mas já não avisa através do rosnar, morde sem avisar. É como ter um alarme de incêndios desligado, quando damos por isso a casa está a arder e não nos apercebemos porque desligamos o alarme que nos andava a chatear com flasos alarmes. O temperamento do cão continuará volátil mas à superficie tudo aparenta estar bem. Quando os cães são inseguros a última coisa que queremos fazer é inibir o rosnar, ou qualquer outro sinal comunicativo de desconforto, precisamos deles para ver onde fica a fronteira de desconforto do cão, isso não é treinar é varrer o lixo para debaixo do tapete. Claro que o que pretendemos com o treino é parar o rosnar, mas acaba por ser um efeito secundário do treino de base que será o de desenbilização às situações ameaçadoras.
O treino envolverá uma desensibilização progressiva por duas fases onde o cão aprenderá não só a tolerar a proximidade da ameaça e o contacto com estranhos como também a apreciar a sua companhia (incluindo o seu manuseamento). Assim que o cão aprende a receber de forma sociável os estranhos e já não se intimida pelas suas acções não tem razões para agir de forma defensiva.
Várias técnicas de desensibilização e condicionamento clássico já foram descritas aqui.
A principal directriz na reabilitação de um cão deste tipo é a de não deixar que nenhum estranho se aproxime, e muito menos toque, no cão até que este tenha confiança e inclinação para ele próprio se aproximar e entrar em contacto com o estranho. Um cão medroso ou agressivo nunca deve ser inundado com estimulos adversos (ameaçadores para ele). O estimulo adverso (pessoa, outro cão, barulho, etc) nunca deverá ser permitido que se aproxime, em vez disso deve ser dado ao cão a oportunidade de se afastar ou aproximar quando estiver preparado para isso, e ele é que tem de ter essa iniciativa.
O treino basea-se então em fazer com que o cão se queira aproximar. Conseguir que ele o faça pela primeira vez é uma tarefa dificil e demorada, que testa a paciência de qualquer trinador e dono, fazendo com que ciam no erro de pressionar e regredir todo o processo. Depois do primeiro passo de aproximação ou primeiro contacto todo o restante treino é mais rápido e fácil.
Antes de envolver estranhos no treino o dono deverá ensinar ao cão como é que espera que ele se comporte perante a presença de pessoas. Saber qual é o comportamento aceitável reduz o stress e dá um escape ao cão perante a situação, será como estar num barco a afundar e saber quais são as normas de evacuação para os botes salva-vidas.... o barco continua a afundar mas pelo menos sabemos o que fazer a seguir.

Bons treinos!

sábado, 24 de julho de 2010

Manuseamento

Viver com um cão que não pode tocar, acarinhar, abraçar é tão ridículo como viver com uma pessoa que não pode abraçar. É para além disso perigoso. Ainda assim os veterinários e os groomers dir-lhe-ão que os cães difíceis de manusear são extremamente comuns. De facto, muitos cães ficam extremamente stressados quando restringidos ou examinados por estranhos. Existem poucas diferenças entre abraçar e restringir, ou entre manusear e examinar. As diferenças depende da perspectiva do cão. Geralmente, os cachorros sentem-se abraçados e manuseados pelos amigos e conhecidos mas restringidos e examinados pelos estranhos.

Os veterinários e os groomers simplesmente não conseguem fazer os seu trabalho a não ser que o seu cão se mantenha calmo e descontraído enquanto é restringido e examinado. Cães adultos medrosos e agressivos muitos vezes necessitam de ser açaimados, tranquilizados e até anestesiados para um exame físico de rotina, limpeza de dentes ou tosquia. Mas isto obviamente torna o procedimento ainda mais assustador para o animal. Cães sem treino estão por isso sujeitos expostos a mais riscos da anestesia, os procedimentos ficam mais caros por serem mais demorados, etc. É realmente demasiado ridículo. Os humanos adultos, em geral, não necessitam de anestesia para procedimentos de rotina no médico, no dentista, no cabeleireiro, nem deveriam necessitar os cães, se os seus donos lhes tivessem ensinado a gostar destas situações.

Não é justo permitir que o seu cachorro cresça com o medo e a ansiedade em situações onde existem pessoas estranhas por perto. É cruel manter um animal assim num mundo de humanos, e não fazer nada para que ele aprecie a companhia do ser humano. É um mau trato mental vitalício.

Não é suficiente que ele apenas tolere o manuseamento, ele tem de aprecia-lo. Numa situação limite poderá explodir a bomba que você criou com as suas mãos.
O seu cão deverá ser manuseado por pessoas familiares antes de estranhos e pessoas adultas antes de crianças, mulheres antes de homens e meninas antes dos meninos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O primeiro mês do cachorro em casa.

Os cachorros são fabricados para serem fáceis de socializar (são animais sociais). Os cachorros vão ter com toda a gente para interagir e todos querem festeja-los por isso.

Quanto mais pessoas o seu cachorro conheça e seja simpático para ele mais vai gostar de pessoas em adulto. E mais ainda, quanto mais for manuseado e recompensado por pessoas mais gostará de ser manuseado por crianças e por veterinários.

O período critico de socialização acaba aos três meses de idade!! Esta é a fase de desenvolvimento crucial em que os cachorros aprendem a aceitar e a apreciar a companhia de outros cães e pessoas. No entanto a sua primo vacinação não está concluída o seu esforço precisa de ser maior ainda, uma vez que esta socialização necessita de ser feita de forma controlada e segura. O Dr Ian Dunbar estabelece como objectivo o cachorro conhecer 100 pessoas no primeiro mês em casa.

Se ficar pelo caminho não faz mal é um objectivo bastante ambicioso.

Bons treinos!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Na primeira semana em casa (8-9 semanas de idade)

Comece o treino de boas maneiras do seu cachorro no momento em que ele chega a casa. É importante e surpreendentemente fácil treinar o seu cachorro sem que ele faça um único erro, seja roendo algo ou fazendo as necessidades no sitio errado. Cada erro que aconteça torna o treino consideravelmente mais dificil. Os cachorros rapidamente estabelecem hábitos e puni-los inadvertidamente ensina-os a cometer esses erros quando os donos não estão em casa. Lembre-se que bons hábitos são apenas tão dificeis de corromper como os maus hábitos, por isso comece desde logo.
O confinamento é o segredo para um treino de boas maneiras sem erros, usar transportadoras ou crates, ou para longos periodos pen, para ter a certeza que o seu cachorro sem supervisão não vai errar. O grande objectivo do confinamento de um cachorro logo no inicio é o de no futuro ele ter o máximo de liberdade possivel quando for adulto. Alternativamente, se deixar o seu novo cachorro andar livremente no incio e construir maus hábitos irá ter de o confinar quando for adulto. Claro que se tem de ensinar o seu cachorro a gostar de estar na crate ou na pen.
Com o uso adequado de uma crate é muito simples prever quando é que o seu cachorro precisará de fazer as necessidades. Isto significa que pode levar o seu cachorro até ao sitio que quer que ele faça as necessidades e saber que ele vai fazer nesse momento e assim poderá recompensar e brincar de seguida sabendo que não vão haver acidentes. E está em completo controlo dos objectos aos quais tem acesso nas suas áreas de confinamento, para que aprenda a roer apenas os itens apropriados. Brinquedos de roer recheados de comida irão ensinar-lhe o que é apropriado para roer e fazem isso de forma calma e alegre.
Um confinamento precoce e regular ajudará o seu cachorro a gostar de passar tempo em casa sozinho.

Você precisa de se certificar que um programa de boas maneiras está instiruido desde o primeiro dia que o seu cachorro chega a casa. Durante a primeira semana os cachorros normalmente aprende bons ou maus hábitos que criam um precedente para as semanas, meses ou por vezes anos seguintes. Nunca se esqueça, bons hábitos são tão difíceis de corromper quanto os maus hábitos.
No primeiro dia que o cachorro chega a casa
O seu canideo recém chegado está ansioso por aprender as boas maneiras da casa. Quer agradar, mas tem de aprender como. Antes que o seu cachorro possa ser de confiança por toda a casa alguém tem de lhe ensinar as regras da casa. Não existe nenhuma vantagem em manter as regras em segredo. Alguém tem de as dizer ao cachorro. E esse alguém é você, o dono. De outra forma o seu cachorro deixará a sua imaginação fluir e o seu desejo por ocupar o tempo poderá levá-lo a actividades fora do seu agrado. Sem umas regras de base firmes em boas maneiras o seu cahorro andará a improvisar na sua procura de sitios para as necessidades e objectos para roer. O cachorro irá eliminar em tapetes, as cortinas darão um bom brinquedo de puxar, etc, etc. Cada erro é um potencial desastre, uma vez que é o preditor de muitos que virão. Se ao seu cachorro lhe é permitido cometer erros, maus hábitos irão instalar-se rapidamente tornando necessário mudar esses maus hábitos, com as dificuldades que isso acarreta, antes de estabelecer bons hábitos.
Esteja certo que entende perfeitamente os principios dos confinamentos de curtos e longos periodos antes de trazer o seu cachorro para casa. Com um esquema de confinamentos curtos e longos, o treino de boas maneiras é fácil, eficiente e sem erros. Durante as primeiras semanas em casa, o confinamento regular (com brinquedos de roer cheios de comida) ensina ao cachorro a disciplinar-se a si próprio a roer coisas certas, a estar sossegado e calado.
Erros
Se deixar o seu cachorro sem supervisão dentro de casa certamente que terá objectos inapropriados roidos e necessidades pela casa. Qualquer necessidade em casa ou objecto roido que permite ao seu cachorro que faça é uma obsoluta tolice e uma absoluta catástrofe, uma tolice porque está a criar problemas a si próprio no futuro dificultando as coisas e uma catástrofe porque milhares de cães são eutanaziados todos os anos simplesmente porque os seus donos não os souberam treinar de forma a terem boas maneiras em casa.

Muitos donos começam a notar o potencial de destruição dos seus cachorros por volta dos seus 4-5 meses de idade, altura em que cracteristicamente os colocam no quintal. A destruição é o produto final do tédio canino, falta de supervisão dos donos e a procura pelo entretenimento. Um cachorro saudável é inquisitivo, especialmente se está sozinho por longos periodos, irá escavar, ladrar, etc. Assim que os vizinhos reclamam acerca do comportamento do cachorro é confinado noutro sitio pior. Ainda assim é uma medida temporária até que ele seja entregue na associação de cães abandonados mais próxima.
O acima referido sumariza o destino de muitos cães. Sem dúvida que problemas simples e previsiveis são a principal causa de morte dos cães. Isto é especialmente triste porque se tratam de problemas que poderiam ser prevenidos fácilmente. Treino de boas maneiras não é engenharia aeroespacial, mas precisa de saber o que está a fazer. E precisa de o saber antes de levar o cachorro para casa.


Lembre-se que os seus erros podem levar à morte do seu cão!!!

Bons treinos!

Adaptado de "Before you get your puppy" de Ian Dunbar

terça-feira, 13 de abril de 2010

A equipa "Você e o seu cão"!

Retirado de "The power of Positive Dog Training" por Pat Miller.
Quando você usa métodos positivos para treinar o seu cão constrói uma relação completamente diferente da que se forma com os ditos métodos tradicionais, é um laço baseado na cooperação e na confiança em vez do medo e coerção. A meta do treino por reforço positivo é o desenvolvimento do potencial de aprendizagem do cão. Você encoraja-o a solucionar problemas e ajuda-o a controlar os seus próprios comportamentos. Você também o encoraja a oferecer comportamentos e a descobrir quais são bem sucedidos. O treino positivo abre a mente do cão. Com o treino moderno você cria um parceiro alegre e auto-confiante que quase se treina a ele próprio e procura avidamente oportunidades para receber um reforço. Se é isto que pretende então bem-vindo ao treino positivo!
O treino positivo uma mudança de mentalidade radical para a maioria dos donos de cães. Mesmo que nunca tenha pensado em treinar o seu cão usando a dor a nossa cultura tem estado imersa numa filosofia onde é exigido que dominemos os nossos cães.

Quando você muda a forma como fala acerca de cães, de um vocabulário com termos baseados na punição e coerção para um positivo, ajuda-o a mudar a forma como pensa. Os cães não são maus, eles apenas cometem erros.
Quando o seu cão comete um erro, em vez de dizer “NÃO!”, diga “Oops” ou “Azar” e depois mostre-lhe a forma correcta de fazer as coisas. Quando um dos meus clientes diz “Mas ela sabe que não pode estar no sofá. Quando eu entro na sala ela slata para o chão e fica com ar de culpada”, eu respondo que se ela soubesse que não suposto estar no sofá ela não o faria. O que ela sabe é que estar no sofá é muito reforçante porque é confortável. Mas a consequência de estar no sofá na sua presença é que você fica irritado. Na melhor das hipóteses aprende que não pode estar no sofá na sua presença. Então quando você entra na sala salta para o chão e tenta apaziguar a sua irritação com sinais corporais de submissão. Para o cão é uma situação completamente diferente de estar no sofá na sua ausência.
Um dos benefícios de mudar de perspectiva em relação aos comportamentos do seu cão é que fica menos vezes zangado. Em vez de culpar o cão pelos seus erros, toma a consciência que o cão está apenas a ser cão. Os cães gostam de estar confortáveis no sofá, muito melhor que o chão. Quer manter o cão fora do sofá? Dê-lhe uma cama própria tão confortável ou mais que o sofá. Recompense-o por dormir nela. Previna o acesso ao sofá quando não está presente impedindo o acesso à sala ou colocando caixas em cima do sofá. Quer manter o cão afastado do balde do lixo? Não ponha os restos do peru no balde. Feche bem o balde de forma a que não possa abri-lo. Previna o acesso ao balde do lixo quando não está presente colocando-o num sitio onde o cão não tenha acesso ao mesmo. O treino positivo gira em torno de soluções simples e inteligentes. Só tem de se lembrar de ser a espécie mais inteligente. Treine com o seu cérebro.

Bons treinos!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

sábado, 13 de março de 2010

O segredo do Cesar Millan

Ai está revelado o segredo do Cesar Milan do Dog Whisperer, por Charlie Murphy, ele não treina os cães, ele estrangula-os ...

Vejam o video:


quinta-feira, 11 de março de 2010

"O mundo dos Gorns" por Jean Donaldson (2ª Parte)

Texto de Jean Donaldson:

"Finalmente, é levado para uma escola de treino. Uma grande parte do treino consiste em cortar a sua respiração brevemente com uma corrente de metal à volta do seu pescoço. Os Gorns têm a certeza que você entende todos os guinchos e comunicações telepáticas que eles fazem porque de vez em quando você acerta. Você está a adivinhar e odeia o treino. Sente-se stressado a maior parte do tempo. Um dia, você vê um Gorn a aproximar-se com uma coleira de treino na mão. Passa-se, simplesmente não lhe apetece ter o pescoço feito num oito. Diz-lhes na sua lingua que por favor o deixem em paz e se vão embora. Os Gorns ficam escandalizados... em choque pela sua agressividade sem motivo e completamente sem provocação. Eles pensavam que vocÊ tinha um bom temperamento.

Eles colocam-no num dos seus veiculos e levam-o a dar uma volta. Você vê a vista atractiva pela janela, e pensa para onde irá. O veiculo pára e você é levado para um edificio cheio do cheiro de suor e fezes de humanos. Os humanos estão por todo o lado em pequenas jaulas. Alguns estão nervosos, alguns estão deprimidos, a maria vê quem passa em frente à sua jaula. O seu Gorn, com quem viveu a sua vida inteira, passa-o a Gorns estranhos que o arrastam para a sua jaula pequena. Você está aterrorizado e grita pelo seu Gorn para que ele venha buscá-lo. Ele vira as costas e sai do edificio. Você é agarrado e é-lhe dada uma injecção letal. É afinal de contas a forma humana de o fazer.

... Fora do mundo dos Gorn.

Este pesadelo em forma de mundo é de facto o dia-a-dia de muitos cães durante toda a sua vida. Praticamente todos os comportamentos naturais dos cães como: roer; ladrar; morder em brincadeiras; perseguir objectos em movimento; comer tudo o que está ao seu alcance; saltar para chegar às caras; gurdar os recursos valiosos; contactar com cães estranhos; urinar em superficies purosas como carpetes; defender-se de perigos; etc, são considerados pelos humanos como problemas comportamentais. Regras que são tão obvias para nós não fazem qualquer sentido para os cães. Eles não são humanos disfarçados de cães.

Se alguém tentar punir comportamentos que você sabe que são necessários ao seu bem-estar pararia de os fazer de todo ou tentaria arranjar uma forma de os poder desenvolver de forma segura? O que sentiria acerca de quem o punia? Que tipo de credibilidade teria essa pessoa?"

Muito mais haveria a dizer acerca deste livro da Jean Donaldson, e acerca da forma como ele nos desperta para coisas perfeitamente obvias e ao mesmo tempo que nos deixam pouco confortáveis, por demonstrarem a nossa falta de capacidade em desenvolver uma liderança justa e compreensiva... mas o melhor mesmo é comprar o livro.


Bons treinos!!

terça-feira, 9 de março de 2010

"O mundo dos Gorns" por Jean Donaldson (1ª Parte)


Estou finalmente a ler um livro, da Jean Donaldson, que me tinha sido aconselhado em várias ocasiões, pela Eduarda Pires, a Claudia Estanislau, etc, chamado "Culture Clash". E agora aconselho também vivamente a todos os que querem fazer ou têm interesse em treino de cães.

Neste livro, mais precisamente no quarto capitulo, a autora cria um mundo imaginário no sentido de nos colocar na perspectiva do cão, coisa que muitas vezes falta aos donos e treinadores, e fá-lo de uma forma extraordinária, acho que conseguiu criar a analogia perfeita, aquela que de facto nos alerta para este nosso "Choque de Culturas".

O texto é este:
"Imagine que vive num planeta onde a espécie dominante é bastante mais intelectualmente sofisticada que os seres humanos mas que mantêm os humanos como animais de companhia. Esses seres são chamados Gorns. Eles comunicam entre eles através de uma combinação de telepatia, movimentos dos olhos e guinchos agudos altos, inetiligiveis e impossiveis de aprender por parte dos humanos, cujos cérebros estão unicamente preparados para a aquisição da linguagem verbal. O que os humanos por vezes aprendem é o significado de sons individuais por repetidas associações com coisas que lhes relevantes. Os Gorns e os humanos estabelecem fortes laços mas existem muitas regras dos Gorns que os humanos têm de assimilar com uma quantidade de informação limitada e com consequências, em caso de falha, muito elevadas.

Você é um dos humanos sortudos que vive com uma familia Gorn. Muitos outros humanos estão acorrentados a pequenas casotas no quintal ou são mantidos em recintos exteriores que variam de tamanho. Eles tornaram-se tão famintos socialmente que nao conseguem controlar as suas emoções quando um Gorn vai junto deles. Devido a este comportamento, os Gorns concordam que eles nunca poderão ser "humanos de casa". Eles são demasiado activos e excitáveis.
A casa que partilha com a sua familia Gorn está cheia de taças de porcelana branca com água, com autoclismo. Cada vez que tenta urinar numa delas, qualquer um dos Gorns por perto ataca-o. Você aprende a fazer as necessidades quando não está nenhum Gorn por perto. Às vezes eles chegam a casa e enfiam a sua cabeça pela taça de porcelana branca abaixo sem qualquer razão aparente. Você odeia isto e começa a ter medo quando os ouve chegar mas eles vêem isso como uma evidência de culpa da sua parte.

Você também é punido por ver videos, ler certos livros, por falar com outros seres humanos, comer pizza ou hamburguers e escrever cartas. É tudo considerado problemas comportamentais pelos Gorns. Para evitar ficar maluco, mais uma vez, espera até que todos os Gorns não estejam por perto para tentar fazer as coisas que lhe apetece.
Enquanto eles estão por perto, você senta-se sossegadinho, olhando em frente. Porque eles consideram isto um bom comportamento e assim poderão testemunhar que você é capaz de o fazer, embora veja uns videos de vez em quando e faça outras coisas que não deve quando está sozinho. Obviamente você não gosta de estar sozinho, é essa a conclusão a que os Gorns chegam. Por isso é passeado várias vezes ao dia e é-lhe deixado livros de palavras-cruzadas para fazer quando está sozinho. Você nunca os usou porque detesta palavras-cruzadas, os Gorns acham que não lhes liga porque está a vingar-se de ser deixado sozinho.
Pior do que tudo, você gosta deles. Eles são, afinal de contas, muitas vezes simpáticos consigo. Mas quando sorri para eles, castigam-no, e acontece a mesma coisa quando tenta dar-lhes um aperto de mão. Se você pedir desculpa é castigado novamente. Você nunca viu outro humano desde que era criança. Quando vê um na rua fica curioso, excitado e às vezes com medo. Não sabe realmente o que fazer. Então, o Gorn com quem vive mantem-o afastado de outros humanos. As suas competências socais nunca se desenvolveram.

Os 10 principais problemas comportamentais dos humanos de companhia no Planeta Gorn:
  1. Ver televisão;
  2. Usar taças de porcelana branca com água como local para fazer as necessidades;
  3. Ouvir musica de outro tipo que não Country e Western;
  4. Falar com outros humanos;
  5. Fumar;
  6. Sentar em cadeiras (Como é que eu consigo que ele pare de se sentar nas cadeiras?????);
  7. Escovar os dentes;
  8. Comer outras coisas em vez de "Human Chow" (uma nutrição equilibrada e adequada);
  9. Dar apertos de mão;
  10. Sorrir."
... Vemo-nos na 2ª parte .... Hehehe!

Bons Treinos!


quinta-feira, 4 de março de 2010

A grande mentira do mais com menos...

É popular, e bastante fácil, reclamar acerca da nossa cultura moderna da gratificação instantânea. Quase tudo, a crise financeira, a epidemia da obesidade, a popularidade de alguns programas de treino de cães, podem ser relacionados com o nosso desejo de ter tudo agora ou há cinco minutos atrás.

Mas a gratificação instantânea tem um lado mais feio e perigoso. Não vemos esse lado na TV ou nas lojas, vemo-lo no dia-a-dia. É o "Mais com Menos".

Mais com menos é a ideia de que um grupo ou processo é de alguma forma ineficiente e se removermos o excesso, ou seja lá o que for, não temos apenas os mesmos resultados por menos, teremos de alguma maneira mais resultados. Esta ideia é uma rampa de negócios.

A grande mentira por detrás do "mais com menos" é o facto de que se alguém acaba com "mais" (ou até com o "mesmo que") nao é por causa de uma capacidade extraordinária de gestão ou através de cortes nos "extras" para optimizar a eficiência. É porque "mais" foi introduzido no sistema e os actores nesse sistema não foram capazes (ou não quiseram) medi-lo. Despedir 30 trabalhadores de atendimento ao público e substitui-los por um software topo de gama não é "mais com menos", é mais com mais software eficiente. Despedir metade dos trabalhadores de uma empresa de contabilidade e exigir à outra metade que trabalhe mais, por mais horas não é "mais com menos", é mais com o tempo de outra pessoa.

Eu não posso falar pelo resto do mundo, mas acredito que o "mais com menos" é tão popular hoje em dia porque somos ensinados que tudo é possivel de ser atingido se nos esforçarmos o suficiente. Mesmo quando alguém claramente nos tem destinados ao fracasso, nós esforçamo-nos ainda mais. O fracasso não é uma opção! O fracasso é devido a uma fraqueza ou falta de esforço, não é devido a estupidez ou abuso de alguém.

Isto não é dizer que o trabalho árduo e a persistência não sejam coisas boas! São de facto! Apenas se trata de dizer que por vezes é realmente necessário 5 pessoas para fazer o trabalho de 5 pessoas e são necessários 3 meses para fazer o trabalho de 3 meses.

Quando levamos o treino de cães longe de mais, quando tentamos fazer "mais com menos", é tempo que poupamos para fazer outras coisas, ou mais coisas. Nós ( ou os nossos clientes) estamos demasiado ocupados ou impacientes para dedicarmos o tempo necessário para um treino bem feito.

De onde é que pensa que o "mais" escondido vem nesse caso??


Bons treinos!

Adaptado de um texto de Eric Goebelbecker.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Lider através do cérebro...

Tradução de um artigo de Nicole Wilde:

"Como treinadora de cães, converso com donos diariamente. Mas com a recente aquisição canina cá de casa tenho frequentado mais os parques de cães, pet shops e outros locais. E toda a gente tem histórias, conselhos e opiniões acerca do treino de cães.

A mais recente história fantástica é a de um senhor que falei acerca de lobos. Parece que tinha um amigo que vivia no Oregon, que tinha um lobo puro (não era cruzado com cães). O amigo todos os dias tinha de se colocar de gatas e morder a orelha do lobo, apenas para lhe lembrar quem é que mandava. Wow!! Parece uma coisa cansativa, já para não falar completamente ridicula! Eu, como alguém que viveu com um lobo e dois "cãeslobos" durante 10 anos, poderei dizer que seria a última coisa que faria. Os meus rapazes sabiam quem é que mandava, e esse estatuto não foi de todo atingido fisicamente... "dominando".
A teoria da dominância subsiste nos parques de cães. Vejo pessoas a a subjugarem os seus cães quando estão a ser muito festivos com outros cães rolando-os de barriga para cima, e o que eu posso dizer é que estiveram a ver os programas televisivos errados. Alguns parecem acreditar que quanto maior for o cão mais forte tem de ser a correcção. Mais uma vez, como mãe de um pastor alemão x rott x malamute de 55 Kgs (que recentemente morreu), posso dizer que não é assim, a liderança é psicológica, não é fisica. Temos de admitir que se fosse uma questão de conseguir a liderança através da força fisica muitas pessoas estariam em muito maus lençóis. Felizmente existem melhores maneiras, que por acaso também são mais eficazes, como por exemplo estabelecer uma ligação, criar uma relação de confiança, treino, controlo dos recursos, usar uma comunicação clara e usar a linguagem corporal com esse objectivo.

Eu imagino o tipo de educação que os donos de cães recebem em parques de cães e petshops. Tive clientes a quem foram vendidas coleiras de choque por empregados de loja bem intensionados, quando isso é a última coisa que o seu cão precisa. Ouvi pessoalmente a "pack theory" e do alpha serem argumentados por pessoas que acreditam piamente neles e querem educar os restantes donos de cães acerca do assunto.

Como dono de cão deve estar informado, mas filtre essa informação, seja ela da televisão, outros donos de cães ou até mesmo de livros. Mantenha-se atento à informação e técnicas mais recentes. Independentemente de onde vem essa informação, se existe alguma coisa nela que o deixa incomodado e não quer fazê-lo com o seu cão, não o faça. Você é o guardião do seu cão, aquele a que ele recorre para protecção. Por isso da próxima vez que lhe sugerirem rolar o seu cão de barriga para cima, ou outra coisa que não lhe pareça bem, prenda-o, dando-lhe uma boa recompensa e siga o seu caminho..."

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Discussões à parte... vamos treinar os nossos cães!

Escrito por: Ian Dunbar (http://www.dogstardaily.com/)

“Words can only hurt you if you try to read them.” (Derek Zoolander)
Ou claro, se discutir acerca de palavras impeça o treino cães propriamente dito.
"Tendo estudado o desenvolvimento da estrutura social dos cães domésticos durante 10 anos, sei duas coisas com toda a certeza: 1 - a estrutura social dos cães domésticos é uma coisa bastante complicada e 2 - a maioria das noções, discussões e desacordos acerca dos termos alfa, dominância, hierarquia e ranking são largamente irrelevantes quanto ao treino de cães propriamente dito. Aliás quanto mais se discute mais nos afogamos em termos e em dúvidas e mais nos retraimos de treinar/educar os nossos cães.

Sim, cães que são criados, vivem em grupos sociais, desenvolvem hierarquias e as hierarquias intra-machos são frequentemente lineares. Mas existem diferentes hierarquias para diferentes contextos e existem tantas excepções às regras sociais básicas. Os cachorros têm "licença" para serem mal-comportados. Uma fêmea de ranking muito baixo pode facilmente guardar um osso soculento de um macho de ranking elevado. Os elementos de ranking muito elevado e de ranking muito baixo raramente lutam (os primeiros não têm necessidade de o fazer e os segundos são muito tontos para lutar). A maioria das lutas ocorre entre os machos de ranking mediano, mas mesmo esses não lutam com muita frequência.

A hierarquia é criada através de uma dominância fisica? Quase nunca. É esse o propósito de ter uma hierarquia.

Dominância é diferente de agressividade, e também ranking e hierarquia não estão, necessariamente, relacionadas com agressividade. Todos estes termos são diferentes. E quanto mais termos surgirem mais divergências surgirão. A estrutura de uma matilha é complicada... isto é tudo o que é preciso para ensinar um cão seja em que contexto for. No entanto, pessoas preocupadas e conscientes da importância de uma boa educação do seu cão perguntam sempre, Porquê? Porque é que faz isto? As pessoas em geral são fascinadas nas razões, na origem das coisas. No entanto cada termo, razão, definição e categoria que surge cria ainda mais controvérsia e objecções ideológicas de outras pessoas. O debate acerca da estrutura social de uma matilha é fascinante mas uma discussão sem fim. No entanto não podemos deixar que esta discussão fascinante nos distraia do principal que é ensinar o cão a viver de forma harmoniosa em sociedade. Não valerá a pena debater muito se isso nos atrasa ou se nos faz perder a oportunidade de resolver um problema imediatamente.

A procura do porquê é particularmente dificil no treino de cães, porque o comportamento canino, ou os problemas de temperamento não têm apenas uma possivel causa. No treino normalmente existem várias causas possiveis para um único problema. Por exemplo, um cão pode morder porque: 1. Demora a sentir-se à vontade com pessoas estranhas; 2. Não se sente seguro perto de crianças; 3. Não gosta de ser muito manuseado; 4. Guarda um pouco a taça da comida e 5. Está mal humorado um certo dia... e então uma criança estranha agarra-lhe a coleira quando ele está a comer na sua taça! WHAM!!Uma grande dentada!

Em vez de perder tempo a tentar definir e categorizar a razão ou razões para a agressividade, temos apenas de aceitar que o cão mordeu a criança, e se não houveram danos fisicos (devido a uma boa inibição da mordida enquanto cachorro), vamos tão depressa quanto possivel resolver o problema. Vamos ensinar o cão a gostar de estranhos, a gostar de crianças, a querer ser agarrado na coleira e para gostar de companhia enquanto está a comer na taça. Problema resolvido. E depois disso temos bastante tempo para os porquês, para que também se possam prevenir futuras situações com outros cães.

Resolver primeiro o problema e debater a sua etiologia depois resulta bastante bem no treino e cães por duas razões: 1. O problema e a sua resolução são factos observáveis e consensuais, mas as discussões acerca da sua etiologia são baseadas em suposições (discutiveis portanto) e 2. A maioria dos protocolos de mudança de comportamento são sensivelmente identicos independentemente da suposta causa(s) da agressividade.

Devemos separar sempre os factos das suposições. Problemas comportamentais são observáveis e quantificáveis (vemos o cão a morder e a gravidade da dentada). Por exemplo o cão mordeu a criança três vezes seguidas e não deixou nenhuma marca na pele. São factos indescutiveis. Então estamos, essencialmente, a falar de um aviso. Da mesma forma o sucesso ou insucesso do treino é observável e quantificável. Por exemplo, a seguir a apenas três dias de condicionamento clássico, o cão aproximasse rapidamente da criança, senta-se e recebe a recompensa de comida, e abana a cauda durante o processo. Ou em vez disso o cão continua a evitar a criança e rosna sempre que esta se aproxima para lhe dar uma recompensa. O sucesso do treino é observável no primeiro caso em comparação com o segundo, por isso toca a continuar o treino. No entanto no segundo caso o insucesso do treino também é observável e quantificável, por isso se a técnica utilizada não resulta, mudemos de técnica para uma que resulte. Discutir termos e teorias tem tendência a consumir uma quantidade de tempo e energia sem fim.

Talvez a principal razão para não atrasar o inicio do treino, devido a discussões acerca da etiologia do problema, é o facto das técnicas de mudança de comportamento serem as mesmas seja qual for a etiologia."
Queria neste primeiro dia do novo ano desejar a todos os que procuram saber mais acerca do comportamento do seu cão, e promover uma relação de confiança e respeito com ele, um ano de 2010 cheio de alegrias, lambidelas e um olhar de amor incondicional sempre ao vosso lado.

Feliz ano de 2010!

Bons treinos!